Com certeza você já ouviu falar da famosa caixa preta, até porque todos temos uma, a nossa velha conhecida – e não estou falando daquelas de aviões, trens e sofisticados carros, mas a que a todo momento estamos testando com nossos sofismas.

Preferimos a brincadeira de esconde-esconde a ter que abrir o nosso embrulho. O que não sabemos, ou melhor, mais que sabemos, é que esta velha conhecida tem uma pré-disposição involuntária de armazenar informações que conscientemente parecem apagadas de nossa conduta. Sabe aquela mágoa imensa, uma verdadeira cratera no seu coração, que outro dia você jogou para fora e disse estar aliviado com tamanho gesto de sua parte? Bem, não será mais um de seus sofismas em ação? Pra responder e tirar qualquer dúvida só mesmo abrindo a tão temida caixa preta.

De imediato significa admitir que, na maioria das vezes, o primeiro passo para resolver aquele velho desconforto do coração nem sempre foi seu – e numa guerra de egos ganha quem primeiro abaixa a arma, rendendo-se à fleuma de sua divina existência homo-sapiente. Em seguida, para completar nossa faxina e não ficar no comodismo do “tá tudo resolvido… agora é fulano no seu lugar e eu aqui” ou como diria Henry Ward Beecher: “Posso perdoar, mas não posso esquecer é apenas outra maneira de dizer Não perdoarei” – é necessário saber que tal atitude é uma demonstração mais que explícita de que no fundo da nossa caixa ficaram alguns ovinhos do ninho de víboras e… e… mais cedo ou mais tarde, no calor das incompreensões, eles acabam estourando e mais… muito mais reticentes. Para espanar qualquer dúvida da nossa sincera entrega ao perdão só mesmo observando estas palavras de Maxwell Maltz: “O perdão deveria ser como uma nota promissória – que é rasgada em dois e queimada para que não possa ser de novo apresentada contra alguém”.

O embate com o perdão é apenas um cisco na sua caixa preta. Com coragem você vai descobrir muito mais. O melhor de tudo é saber que de tão fácil você já poderia ter tentado, afinal ela não é tão preta assim. A dos aviões, por exemplo, é da cor laranja. Pode ser que a sua seja azul, rosa ou cor de sangue. Abra agora e surpreenda-se com a descoberta de uma nova paz de espírito e felicidade.

Ao contrário do avião você não precisa se despencar para ter uma segunda chance… avante…insisto, abra agora, já… porque esperar pela queda pode significar uma vida inteira de perdas e danos irreversíveis para a alma – e no final quando, forçosamente, tiver que abrir sua temerosa caixa preta você se confundirá de tal modo com a mesma que, podendo discordar, concordará com esta infeliz conclusão de Shakespeare: “Sabemos o que somos, mas não sabemos o que podemos ser”. Ora… ora, se sabemos o que somos, não saberíamos o que poderemos ser? Vai ver Shakespeare esperou seu avião cair para só então abrir a sua caixa preta.

O Perdão é como uma Criança que a cada Olhar Irradia um Novo Brilho
O Perdão é como uma Criança que a cada Olhar Irradia um Novo Brilho