Com medo de contrair febre amarela muitas pessoas estão fazendo filas em frente as unidades de saúde ainda de madrugada para pegar senhas e ficar imunizadas. O Portal 27 já mostrou que essa situação tem gerado polêmica na cidade porque a vacina está sendo aplicada apenas em pessoas que vão para áreas de riscos.

Nesta terça-feira, dia 24 de janeiro, recebemos um vídeo que mostra a revolta das pessoas que estavam na fila porque o ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Guarapari, Raimundo Dantas, e sua família teriam furado fila para receber a vacina na unidade de saúde Doutor Roberto Calmon, no Centro.

Confusão na fila para vacinação contra febre amarela na unidade de saúde Doutor Roberto Calmon, no Centro.

Uma moradora de Minas Gerais, que pediu para não ser identificada, estava na fila com a família e presenciou a confusão. “Ele usou o poder. Falou que colocou gente para marcar a vez dele. Mas se ele colocou, foi um e vacinou ele, a mulher dele, a filha, a empregada e a babá. Nós éramos em cinco pessoas, incluindo crianças deficientes que estavam lá desde manhã até uma e quarenta da tarde. A gente revezava, iam dois na padaria para tomar café e ir ao banheiro e voltavam para ir mais dois e era assim que a gente ficava. Todo mundo foi assim e todo mundo ficou na fila”.

A turista mineira disse ainda que uma funcionária da unidade de saúde justificou o fato do ex-vereador ter sido vacinado antes porque pagava os funcionários do posto. “Uma das pessoas que trabalha lá falou que tinha que vacinar porque ele que paga a elas. Mas não é ele que paga os funcionários, quem paga é a população de Guarapari. Eu achei um descaso. Por que ele não foi lá em outra hora e vacinou? Não precisava usar do privilégio na frente de todo mundo. Assim a população fica revoltada. Bateram palmas e xingaram quando ele saiu”, relatou.

Segundo a turista, na fila haviam mais de 100 pessoas. “Na fila tinha mais de 100 pessoas, mas como viram que não iriam conseguir tomar vacina nem pela manhã nem pela tarde eles foram embora em torno de meio dia e meia. O Dantas passou na frente de umas 100 pessoas. As pessoas estavam olhando e xingando revoltadas”.

Uma moradora de Minas Gerais estava na fila com a família e presenciou a confusão.

A mineira também reclamou da falta de funcionários para organizar a fila. “Cheguei lá quatro e quinze da manhã e saí de lá uma hora e quarenta da tarde. Está muito desorganizado. Se você chegar lá quatro ou cinco da manhã, já tem um monte de gente e não tem ninguém para organizar nada. A gente mesmo que faz a fila e dá o número para cada um para a gente ter a nossa vaga porque são 60 senhas de manhã e 30 meio dia e meia”.

Cobranças. Ela disse ainda que algumas pessoas ficam na fila pegando fichas para vender. “Tinha gente lá pegando quatro números e falavam que vendiam por R$50,00 ou R$ 100,00 cada número. Virou um comércio aquilo lá. A gente não acha justo fica lá desde quatro da manhã e sair quase duas da tarde sem tomar banho, sem almoçar e com crianças com problemas físicos e mentais. É um pecado”.

Dantas. O ex-vereador Raimundo Dantas alegou que não furou fila porque seus familiares haviam ido para a unidade de saúde de madrugada pegar a ficha para ele. “Meu sogro e minha sogra foram para lá ontem duas horas da manhã e pegaram para mim a senha de número 35 porque eu tenho uma bebê de dois anos e seis meses e viajo muito para Ecoporanga, Afonso Cláudio, Colatina e aquela região toda. A única diferença que tem é que nada impede de uma pessoa pegar ficha para outra. O pessoal que está reclamando nem pessoas da cidade são. Quando eu cheguei lá eu tinha uma ficha. Não foi nada de anormal, sou contra qualquer coisa neste sentido”.

Dantas disse ainda que na opinião dele as pessoas deveriam ser vacinadas em suas cidades. “Eu acho que todas as pessoas deveriam ser vacinadas em suas cidades. Nosso problema maior está sendo esse. Nada contra os mineiros, mas o problema maior está sendo o pessoal de fora ocupando nossos postos de saúde e a gente fica tendo dificuldade”.

Investigação. A Secretaria Municipal de Saúde informou que recebeu a denúncia na manhã de hoje e irá investigar a situação e adotar as medidas que forem pertinentes ao caso. Disse ainda que mesmo Guarapari não sendo considerada uma região endêmica o município tem contado com o apoio do Governo Estadual com o envio semanal de lotes de vacinas que no momento estão sendo concentradas na Unidade Roberto Calmon, no Centro, e Centro Municipal de Saúde, em Muquiçaba. Por questão de ordenamento, diariamente, a partir das 8h, são distribuídas 100 senhas para as vacinas contra a febre amarela, levando em consideração os critérios do Ministério da Saúde.

Ainda de acordo com a Secretaria, não há motivo para preocupação no município, uma vez que o Espírito Santo não registra a ocorrência de febre amarela urbana ou silvestre a mais de 50 anos e Guarapari não é considerada área de risco. O órgão também salientou que em Guarapari não houve interrupção da imunização.

Confira o vídeo enviado para nossa equipe. 

 

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