A manobra, a impropriedade, a anuência e a cumplicidade da Polícia Militar do Espírito Santo é evidente nesse teatro. As razões que conduziram ao movimento da PMES são justas. Ninguém gosta de ser enganado no seu direito ao aumento salarial anual, mas que a cerca de sete anos, não vem.

Soma-se a isso o fato dos militares não estarem dispondo de recursos básicos para exercerem suas funções à altura e com maestria, no combate a criminalidade diaria e latejante A sociedade apoia incondicionalmente as suas reivindicações. A estratégia escolhida por eles é que foi inteiramente infeliz e injustificavelmente errada.

Mas também é conveniente dizer que isso não é movimento reivindicatório. Isso é covardia pura e refinada para com a sociedade. Se o movimento fosse legítimo, tinha previsão na Constituição Federal de 1988.

Precisa-se admitir o triste e vergonhoso fato de que a PMES usou seus próprios familiares como escudo e a sociedade como refém e só precisou de uma semana para que o Espírito Santo saltasse do céu direto para o inferno. Essa ação sem precedentes da PMES, promoveu a guerra contra o governo usando o povo e perdeu a própria batalha.

O motim acabará, como todos os outros um dia terminaram. Mas a parte ruim disso tudo, é que quando a polícia militar voltar para as ruas, não regressará como heróis. Pois, com essa manobra que realizaram, sujaram mais ainda a imagem da corporação e cada dia que passa, algumas vogais maculam ainda mais.

Eles poderão até ter o aumento que precisam e suas necessidades atendidas pelo governo (tomara que consigam tudo); mas essa atitude infantil e amadora com a qual se comportam nesse momento, fará a organização perder muito em respeito social, onde só o tempo poderá virar a mesa e o jogo.

Será que ninguém percebeu o perigoso e inconsequente teatro orquestrado dessa greve branca? O direito à reivindicação não pode tornar o povo capixaba e nem nenhum outro povo, prisioneiro. Se o governo está ruim, vota melhor.

A PMES se excedeu de maneira cavalal e – segundo o Governo Estadual – vão pagar muito alto no que diz respeito as sanções militares que virão irreversivelmente. Lamentamos! Não era para ser assim… Essa ação sem precedentes da PMES, promoveu a guerra contra o governo usando o povo e perdeu a própria batalha. O movimento foi totalmente desnecessário, equivocado e injustificável à luz da Constituição Brasileira, como dito.

Talvez, sem terem percebido, deram um tiro no próprio pé. O estado de direito não permite esse tipo de comportamento. É intolerável e inaceitável. Façam greve, legal ou ilegal, branca ou preta, desde que seja na porta da frente da casa do governador, na assembléia legislativa, na câmara dos vereadores, no Congresso, no Senado etc.

Mas não penalize quem não é culpado, retirando seu direito previsto em cláusula pétrea constitucional, que é o direito de ir e vir. Que nos desculpem honestamente nossos amigos e irmãos militares, a quem nós tanto consideramos e admiramos por suas bravura, mas nesse momento, a PM ganha em ridículo o que perde em respeito e prestigio social num movimento danoso e desproporcional.

Esse piquete infeliz e que parece não ter logrado êxito, não colocou em risco vereadores, prefeitos, deputados, senadores nem governador. Deveriam cobrar de quem realmente pode pagar. A sociedade não pode ser responsável por aquilo que não prometeu em campanha eleitoral. Os candidatos eleitos, sim. No fritar dos ovos, a greve só apresenta perigo real a sociedade organizada, que, aliás, precisará de boas décadas para esquecer o fogo de 500 graus ao qual ficou frontalmente exposta, onde os próximos livros de história precisão de mais páginas para atualizar seu conteúdo.

Não gostaríamos de que tivesse esse fim. Não era para ser assim… Mas a lei da semeadura é infalível. Quem planta colhe; e isso não é invariável. Quem cobra e exige o cumprimento das leis, deveria ser uma referência em dar exemplo na obediência a seu próprio regimento interno. Querem o respeito da sociedade, então a respeite. A lei é clara, cristalina e transparente ao dizer que é vedado a todo e qualquer militar, seja ele da tropa federal ou da força auxiliar, fazer greve. Abusos extremos requerem medidas extremas.

Paulo Hartung, atual governador do ES, foi eleito pela sociedade local para governar, e não para ser governado. Assim também é com todos os demais governadores eleitos. Isso é o obvio ululante. Ele já deixou claro que vai exercer sua autoridade. O ES não quer ser exemplo de um Estado que não exerce sua autonomia e autoridade para os outros Estados. A Constituição Federal diz que a Segurança é dever do Estado como um todo.

No cenário dessa desordem social, o que o Espírito Santo pode fazer mesmo é se tornar modelo ao conduzir administrativamente bem esse impasse. Essa paralisação tem tudo para viralisar e se espalhar Brasil a fora, uma vez que vários governadores acenaram com reajustes na campanha eleitoral, sem, no entanto, cumprirem as promessas feitas ao eleitorado. Mas se seguirem por esse caminho, também será totalmente ilegal.

Esse é um bom momento de todos os Estados brasileiros ficarem de olho no caso capixaba para jogar um balde de água fria nas greves inconstitucionais que podem vir a estourar pelo país. Como alguém bem disse, é tolo quem erra o alvo e culpa o próprio arco, ao invés de corrigir a própria mira.

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