Já estão soltos os acusados de participação na morte do casal Lorrayne Santiago,16, e Fábio Santos Kil, 21 (reveja o caso aqui), que foram mortos nas Três Praias em Guarapari, no mês de Abril.
Os três suspeitos, Valbert Ramos Pires, 20, Carlos Henrique Vicente Macedo, 25, conhecido como “Tim Maia” e Mateus Montenegro Jesus, de 19 anos, foram presos em maio deste ano, após 36 dias de investigação da polícia civil e tiveram a prisão revogada pela justiça no dia 10 de outubro.
O juiz, Eliezer Mattos Scherrer Junior, determinou a soltura deles, afirmando que “Diante do exposto, e ainda, visto que os denunciados supramencionados não pretenderam se esquivar da acusação que lhes eram impostas, entendo que não há elementos, pelo menos nesta fase processual, que justifique a manutenção da prisão preventiva, visto que não há indícios de que os réus soltos irão prejudicar a instrução criminal ou obstacular a aplicar da lei penal ou afetar a garantia da ordem pública, em relevo às considerações apresentadas pela Defesa Técnica, REVOGO a prisão preventiva”, diz o juiz em seu despacho.
Cautelares. Mesmo revogando a prisão, o juiz decidiu por medidas cautelares para os acusados. As medidas são as seguintes:
– O comparecimento mensal em juízo para informar e justificar atividades (CPP, art. 319, inc. I);
– Proibição a bares, casa de jogos, boates e similares (inc. II);
– Proibição de manter qualquer contato com as testemunhas (inc. III); – Recolhimento domiciliar entre 21:00h e 06:00h (inc. V).
Família. Nossa equipe conseguiu falar com Leocir Kill, pai de Fábio, que se disse indignado com a informação da soltura dos acusados. “Eu recebo essa notícia com muita indignação, com muita tristeza. A gente confia tanto na justiça e recebe essa informação. É muita tristeza”, disse ele.
Ainda de acordo com Leocir, desde a morte de Fábio, a família está passando por momentos de profunda tristeza. “Eu estou com depressão. Minha esposa e meu outro filho tem chorado constantemente. Não tem paz, não tem alegria. Seu eu não fosse Cristão, não sei o que teria feito comigo mesmo. É uma tristeza sem fim”, desabafa. Leocir espera que a justiça seja feita e que os culpados, sejam identificados e julgados.
Policia. Procurado por nossa reportagem para comentar o caso, o delegado responsável pela investigação, Alexandre Linconl, afirmou que decisão judicial não se pode comentar. “A decisão do juiz é soberana. Não nos cabe comentar. Depois que concluímos o inquérito ele foi para a justiça, ficando nas mãos dos juízes e promotores. Para essa liberdade dos acusados, deve ter havido algum fato novo, do qual eu não tenho conhecimento”, disse o delegado.
O delegado afirma, porém, que a investigação da polícia foi feita através de muitos embasamentos para concluir o inquérito. “O Crime existiu. Do ponto de vista da investigação policial, há elementos baseados em testemunhas e depoimentos, que mostram que eles são os autores do crime”, explicou o delegado.
Defesa. O portal 27 conseguiu falar com o advogado dos acusados, Marcus Bitencourt, que nos informou que os seus clientes são inocentes e que vai conseguir provar isso. De acordo com ele, a investigação deveria ter sido feita com mais tempo. “Entendemos que houve algumas falhas na investigação. Não houve, por exemplo, a quebra de sigilo telefônico. Tanto dos acusados, como das vítimas e dos familiares. Quem pediu a quebra do sigilo fui eu”, disse ele. O advogado acredita que a polícia se apressou em concluir o inquérito. “No anseio de dar um retorno à sociedade, a polícia pecou” disse.
Ele afirma também que muitas testemunhas de defesa, mesmo se apresentando para depor, não foram ouvidas. Após provar a inocência dos clientes e ao final do processo, ele pretende pedir indenização. “Vamos pedir uma indenização ao Estado. Um dos meus clientes quase foi morto na prisão”, afirmou.
Para finalizar, o advogado afirma que o laudo da balística da policia civil, de uma arma que seria de Matheus, não bateu. “A arma apreendida como sendo a do crime foi um 38. Esse laudo comprova que os tiros que mataram o casal saíram de um 22”, disse.
O advogado disse que um quarto acusado, identificado como Allan Dos Santos Sana, que está desaparecido desde o crime, vai se entregar na semana que vem. “Acredito que até a quarta feira ele vá se entregar. Se eu fosse o advogado dele antes, ele já teria se entregado”, disse. Allan já teve o mandado de prisão expedido pelo juiz. “Vamos pedir também o pedido de soltura dele”, finaliza.