Resiliência é uma palavra que está em alta nas redes sociais e significa capacidade de se recuperar facilmente ou se adaptar às mudanças. Essa palavra define bem o jovem Gabriel Diniz, de 19 anos. Ele ficou tetraplégico após sofrer um acidente durante o campeonato de Jiu-Jitsu em 2013 e hoje descobriu uma nova profissão criando estampas para camisas da sua marca By Gabriel Diniz.

“Vi que não queria ficar parado e comecei a tomar gosto por isso, comecei a fazer uns cursos, criar algumas artes e desenhar as camisas. Antes não fazia nada disso, depois do acidente que comecei a tomar gosto por isso”., explica o jovem.

Gabriel ficou tetraplégico após sofrer um acidente durante o campeonato de Jiu-Jitsu em 2013.Foto Rafaela Patrício/Portal27

Gabriel começou a criar as camisas no ano passado. Ele usa um mouse sensorial e desenha com o queixo as estampas, que remetem as artes marciais. Segundo ele, as mais procuradas são as que vem com as frases “Brasileiro de Jiu-Jitsu” e a “Treino Difícil, Luta Fácil”.

A inspiração vem da sua grande paixão pelo esporte. “Procuro sempre ver e estar por dentro das artes marciais. Também vejo outros concorrentes e busco inspiração para fazer cada modelo melhor que o outro”.

As vendas são feitas pela internet no site www.bygabrieldiniz.com e custam em torno de R$ 60,00. As camisas são enviadas pelos Correios e chegam em uma caixa em que relata sua história. “Coloco um pouco da minha história nas caixas para levar para as pessoas, para elas saberem como as camisas são feitas e acho interessante as pessoas saberem disso”.

Hoje ele descobriu uma nova profissão criando estampas para camisas da sua marca By Gabriel Diniz. Foto Rafaela Patrício/Portal27

Ele relatou que já vendeu até para o exterior. “Semana passada mandei para os EUA, já mandei para um cara que está em Salvador, mas mora na China. Está dando para vender bem e devagar a gente chega lá. Na última remessa pedi 96 camisas”.

O jovem contou que não gosta de assistir a cena do acidente e que procura seguir em frente. “Todo mundo quando acontece alguma coisa fica meio sentido, mas acho que a gente não pode ficar parado por causa disso. Eu vi que ficar na cama me lamentando não iria melhorar em nada então fui fazer minhas coisas e tocar a vida. Antes o sonho era tentar viver de jiu-jitsu, ser atleta mesmo. Hoje não sei, só quero um dia poder voltar a andar e tocar minha vida”.

As vendas são feitas pela internet no site www.bygabrieldiniz.com e custam em torno de R$ 60,00. Foto Rafaela Patrício/Portal27

Ele afirmou que acredita que a medicina vai avançar o suficiente para um dia mudar sua condição. “Hoje em dia ainda está bem complicado, mas eu acredito muito no avanço da medicina. Antes não tinha investimento nisso e agora as pessoas já estão olhando bem para este lado. Medula não regenera, mas a gente faz fisioterapia para manter os músculos ligados direitinho e não enrijecer”.

Guarapari. Há um ano Gabriel, que é de Alegre, veio morar com a família em Guarapari em busca de acessibilidade, mas não foi bem isso que ele encontrou. “Viemos para cá por ser um pouco mais acessível. Na minha casa tinha escada, a rua era paralelepípedo então era muito ruim. Aqui eu já consigo descer e passear no calçadão e isso dá um pouco mais de liberdade. Na orla da Praia do Morro da para andar, mas tem algumas barreiras como buracos e faltas de rampas. Aqui em frente de casa mesmo o acesso a faixa de pedestres não tem rampa. Então é complicado e as pessoas não pensam nisso”.

Segundo Gabriel, no Centro a falta de acessibilidade é ainda maior. “A cadeira mal cabe nas calçadas e muitas têm poste no meio. As faixas de pedestres também não têm rampa, tem muita calçada irregular. Acho que o problema não é só da prefeitura, mas da população porque quando a pessoa constrói seu imóvel tem que pensar no próximo. Hoje sou eu e amanhã pode ser ela ou um parente dela. Mas as pessoas só começam a pensar quando sentem na pele e isso faz parte da cultura do brasileiro, que só pensa no próprio umbigo. Mas está na hora de começar a mudar isso”, desabafou o jovem.

Gabriel, que é de Alegre, veio morar com a família em Guarapari em busca de acessibilidade, mas não foi bem isso que ele encontrou.Foto Rafaela Patrício/Portal27

ACESSIBILIDADE: procurada para comentar essas situação, a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Serviços Urbanos informou que na Praia do Morro, em todas as vias de acesso à praia, têm duas rampas de acesso. Em relação ao buraco no calçadão da praia do Morro, a secretaria informa que este é um problema pontual e nesta semana uma equipe irá até o local para realizar o reparo.

No Centro, o calçadão vai passar por reformas e já está sendo realizado um levantamento dos problemas encontrados na região. Inclusive, na última semana o prefeito, Edson Magalhães, visitou o local e determinou que o serviço seja realizado com urgência. A secretaria acredita que até o final deste ano tudo esteja concluído.

Quanto a situação das calçadas irregulares, a Secretaria Municipal de Fiscalização informa que a falta de acessibilidade foi um dos grandes problemas encontrados por esta gestão. A administração já tem feito um mapeamento de todas as calçadas irregulares e fará, nos próximos dias, uma ação de fiscalização para realizar uma notificação conjunta aos proprietários de residências que ainda possuem calçadas em não conformidade com o projeto Calçada Cidadã.

POSTES: A EDP informa que a instalação de postes segue as Normas Brasileiras quanto aos critérios de elaboração de projetos de redes de distribuição de energia elétrica e, antes da realização de qualquer obra, os projetos são aprovados com as Prefeituras Municipais e órgãos competentes. Para o caso de instalação de postes nas vias públicas definidas por “guias”, a Concessionária segue a delimitação já existente.

 

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