Confesso que outrora, o Papa Emérito Bento XVI sempre teve minha ferrenha oposição. Havia qualquer coisa do mortal Cardeal Joseph Ratzinger que parecia segui-lo – uma espécie de ranço material que não impunha em nada o lado humano/divino que o cargo precisava inspirar. Porém, minha compreensão estereotipada e até certo ponto bizarra do “Ser Humano Joseph” se viu completamente nua de argumentos em 11 de fevereiro de 2013, plena manhã de uma segunda-feira ensolarada – O Vaticano anunciava que Sua Santidade “Benedictus XVI, o 265º papa da Igreja Católica renunciaria seu cargo em 28 de fevereiro às 20h. A notícia era um milagre por 02 motivos:

O primeiro é que aquele Senhor, até então, nada carismático havia aprendido a lição do Conclave que o elegeu em 18 de abril de 2005. Neste, Ratzinger, um dos mais antigos pilotos de pequenas aeronaves licenciados do mundo pousava no topo da hierarquia católica – O Pontificado. Algo que só foi possível porque após 03 rodadas de fumaça negra na Capela Sistina, coube a Jorge Mario Bergolio, o atual Papa Francisco, naquela ocasião, o segundo cardeal mais votado, a exortar seus pares a votar em Joseph Ratzinger. Bergolio, por amor à igreja e seus princípios, dissuadiu a Frente Reformista que agrupava em torno do seu nome a desistir da sua eleição, afirmando não estar preparado para os desafios do pontificado – um gesto ímpar de amor às suas crenças.

Foto:  © Marcelo Moryan / Todos os Direitos Reservados / Catedral de Curitiba
Foto: © Marcelo Moryan / Todos os Direitos Reservados / Catedral de Curitiba

O segundo é que aquele mesmo Senhor, impecavelmente erudito, que gostava de grifes famosas e sapatos vermelhos foi aos poucos calçando as sandálias da humildade daquele que viria a ser o primeiro papa Jesuíta da história – “Franciscus”. Foi esta lição que aprendeu com Bergolio que fez Bento enxergar que embora fosse intelectualmente o mais bem preparado, não era de fato o mais “SENTIMENTALMNTE PREPARADO” para unir e evoluir uma igreja que mostrava sinais de indisciplina, corrupção, crimes humanitários e vergonha.

Hoje, em um espaço de tempo relâmpago na História, presenciamos uma Igreja completamente em renovação e que está SENTIMENTALMENTE próxima aos seus objetivos que é o “RELIGARE”… religar o homem aos conceitos puramente divinos. E, no meio desta transformação toda, virei fã de carteirinha daquele camarada com cara de antipático… acabei descobrindo o lado “B” dele… Super, super, super bacana, cheio de histórias humoradas e lindas… BENTO era o “CARA”… SIM… Mas não o “CARA” para estar no lugar que estava… E, desta mesma forma, temos por aí muitos que, por estarem no lugar errado, acabam por destruir todo o seu legado e arrastam consigo uma legião de inocentes para o fundo do poço – Eis nesta categoria o nosso querido Brasil…

Não vou tratar aqui de política, do que acho que é “CERTO” nem “ERRADO”, esta é uma visão de cada um com o seu “UM”. Contudo, não posso deixar de refletir que o nosso país está cada vez mais no fundo do poço, porque a visão de quem tem poder para infringir derrotas ou alavancar vitórias está nas mãos de cidadãos que pensam da seguinte forma: “SE TODO O BOLO NÃO VAI SER MEU, POUCO IMPORTA, VOU CUSPIR NESTA MERD…”. E na cuspida… lá se vão milhões de pessoas que tiveram grandes avanços na vida de volta à miséria, desilusões…e em casos mais raros em suicídios.

Foto:  © Marcelo Moryan / Todos os Direitos Reservados / Devoto na Igreja Matriz em Guarapari - ES
Foto: © Marcelo Moryan / Todos os Direitos Reservados / Devoto na Igreja Matriz em Guarapari – ES

A REALIDADE ESTÁ VINDO À TONA COMO UM TSUNAMI… MAS TUDO NA VIDA TEM JEITO, QUANDO SE QUER DAR JEITO… QUANDO HÁ UNIÃO EM TORNO DO BEM COMUM…

Assim como fiquei fã de Bento XVI, porque é preciso muuuuuita, muuuuuuita humildade para colocar os interesses do coletivo acima do individual, eu enxergaria na Renúncia de DILMA, que sua honradez seria capaz de salvá-la. Bento, foi administrativamente um dos papas mais fracos da história – mas já se tornou uma lenda para seu povo ao perceber que seu lugar era outro…e assim contribuiu também para o fortalecimento da Igreja… Melhor dizendo, para o seu RENASCIMENTO!

Por todos os sacrifícios que o povo brasileiro já fez, e faz, para manter a trajetória de sua história… penso que merecemos este MILAGRE – termos o no nosso 11 de FEVEREIRO – Dia em que o Planalto anunciaria: “A Presidente do Brasil, Senhora Dilma Rousseff, reconhece não ter a capacidade SENTIMENTAL para UNIR, neste momento, o povo Brasileiro e todas as suas Instituições e renuncia a seu cargo em prol da GRANDEZA DO SEU PAÍS”.

Bento XVI não é santo, e provavelmente sequer preencheria meia dúzia de algumas das qualidades exigidas da Congregação para a Causa dos Santos (da qual já foi membro), porém é nele que por vezes eu me inspiro, ao RENUNCIAR EM MIM coisas que fariam somente o meu mundo melhor.

A Renúncia das nossas GRANDEZAS PARTICULARES em prol da MAGNITUDE DE NOSSOS SEMELHANTES é o calcanhar de Aquiles da Humanidade.
HUMILDADE E HUMANIDADE, duas palavras bem próximas com conceitos atuais bem distantes, mas que Dilma Rousseff poderia fazer siamesas se ao menos tentasse se inspirar no gesto Joseph Ratzinger…que, não por acaso, um dia foi salvo pela grandeza do Bento XVI.

Foto:  © Marcelo Moryan / Todos os Direitos Reservados / É PRECISO TER HUMILDADE - Devoto na Catedral de Curitiba
Foto: © Marcelo Moryan / Todos os Direitos Reservados / É PRECISO TER HUMILDADE – Devoto na Catedral de Curitiba