Por que o que começa com um brilho nos olhos, uma inquietude avassaladora, cada vez mais termina com um raio flamejante de dor e muitas vezes manchado de sangue?

Eu não havia nascido, quando em 1966 a mais bela música sobre o amor ecoava mundo afora, “Dio como Ti amo” na voz de Gigliola Cinquetti. Na parte mais profunda e sentimental da letra, ela diz:

“Um sentimento querido
Um sentimento verdadeiro
Quem pode parar um rio
Que vai de encontro ao mar?”

Nunca esqueci estes versos e na verdade minha vida é impregnada deles: “Quem pode parar um rio que vai de encontro ao mar?” O amor é assim, não importa qual seja o obstáculo, ele sempre procura um caminho em direção à sua liberdade… e nós vivemos sempre parados querendo mergulhar na correnteza do que já passou ou como bem disse Heráclito: “Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.”

Por que então insistimos em mergulhar sempre no mesmo amor… se o amor de “ontem” já não está mais no “hoje”?.

Freddie Mercury em “Who Wants To Live Forever” (Quem quer viver para sempre), a certa altura faz duas perguntas fundamentais para o entendimento da nossa relação com o amor:

“Quem ousa amar para SEMPRE?”
“Quem quer viver para SEMPRE?”

Infelizmente não vivemos imensamente o “SEMPRE” destas perguntas e nos esquecemos que esta linha que agora escrevo posso não terminar – o essencial da vida está nos milésimos de segundos e não nas horas, dias e meses a que nos aprisionamos (Nós e o Amor).

Inquietante e perturbadora em “Who Wants To Live Forever” é a pergunta mais intensa que Freddie Mercury fez em toda sua vida – “Quando o amor deve morrer?”

QUANDO O AMOR DEVE MORRER? QUANDO???? QUANDO????

Talvez Freddie e também nós não percebemos que ao final da música está a resposta que não é apenas um socorro temporário – é um socorro vital, um socorro que devemos aprender todos os dias… Ao final ele diz quase em desespero e absorto: “SEMPRE É O NOSSO HOJE” – Esta é uma das mais belas frases ditas sobre o amor… “SEMPRE É O NOSSO HOJE”.

É evidente que o AMOR DEVE MORRER TODOS OS DIAS, pois a cada alvorecer todos os nossos desejos e conquistas não ficarão velhos – mesmo que vivamos 100 anos com a mesma pessoa. Serão renovados a cada compreensão, abraço, beijo e paixões – e então tudo aquilo que começa com um brilho nos olhos será a luz e o fogo do coração PARA SEMPRE… porque “SEMPRE” é o nosso “HOJE”.

O AMOR RESPIRA O "HOJE"... PORQUE PARA "SEMPRE" É O NOSSO "HOJE"!
O AMOR RESPIRA O “HOJE”… PORQUE PARA “SEMPRE” É O NOSSO “HOJE”!