Está se aproximando o início do ano letivo e é sempre bom lembrar que a família é uma plataforma de lançamento de homens e mulheres na sociedade. É em casa que as crianças são educadas. A escola é uma breve extensão da família.

O colégio escolariza, a família educa. Embora não estejamos na semana do dia 13 de novembro, que é o dia mundial da família na escola, gostaríamos de oferecer aos nossos leitores, por ocasião do início das aulas no próximo mês de fevereiro, uma reflexão importante sobre o papel da família e o papel da escola.

A inversão dos papéis sociais desses dois atores (Família & Escola), junto à sociedade, é muito nítida; por exemplo, antes daquilo que deveria ser um processo de letramento e alfabetização, a escola ainda precisa se preocupar e investir tempo com paciência e qualidade, em ter que integrar esse aluno, advindo de uma família que o criou, até então, como sendo o centro do universo, ao que chamamos de “Infantolatria”.

Essa responsabilidade não deveria ser apenas da escola, devendo ter sido trabalhada prioritariamente no seio familiar. Além das complicações na vida dos filhos, como dificuldade de integração e insegurança, deixar a criança comandar a dinâmica familiar pode prejudicar – e muito – a família e a socialização na vida escolar.

A escola, por sua vez, inconformada com o que tem recebido das famílias, se põe no papel de ser também a responsável por educar, além de ter que transmitir o ensino pedagógico. É mesmo nessa trilha, que em inúmeras e incontáveis vezes, a escola perde seu principal foco que é “a formação pedagógica com qualidade desse indivíduo”.

O que é incontestável, é que quem sempre deve dar a pauta do assunto em todas as atividades, seja na vida familiar ou na dinâmica acadêmica, é a autoridade de um adulto. Não podemos permitir que haja uma inversão de valores nesse solo.

Paulo Freire, o patrono da educação, já nos diz: “A mim, me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade complacente dos pais que se pensam, ainda campeões da liberdade”.

Perde-se muito tempo dando possibilidades para que essa criança entenda que precisa se colocar no lugar do outro, que respeite seus colegas como deseja ser respeitado. Tarefa, seguramente, muito mais simples que deveria ter sido feita pela família.

Para que o papel pedagógico possa ser exercido pela escola em sua potencialidade, ainda que com suas limitações, a família precisa ofertar uma educação com maestria e qualidade.

O caminho e a parceria entre família e escola é fundamental. Ambas precisam se acolher, se entender e se ajudar para o bem comum desse indivíduo, preparado como pessoa para viver em harmonia na sociedade.

Assim, “sempre caberá à família educar e estar alerta, pois o contrato com a escola pode ser rescindido, mas o contrato de pai, mãe e filho(s) é para a vida toda. Portanto, é muito importante exercer os papéis com sabedoria e responsabilidade de todos”. Já dizia o psiquiatra e escritor, Içami Tiba.

Dessa forma, Bom dia!, Boa Tarde!, Boa noite!, Por favor!, Com licença!, Desculpe-me!, Muito obrigado! etc., se aprende em casa. É em casa que também se aprende a ser honesto, a ser pontual, a não xingar, a ser solidário, a respeitar aos amigos, a respeitar aos mais velhos, a respeitar aos professores, a respeitar as leis que nos regem etc.

Também é em casa é que se aprende a não falar de boca cheia, a ser asseado, a não jogar lixo no chão, a limpar o que sujou, a pegar no chão o que derrubou, a arrumar o que desarrumou, a levantar o que caiu, a ajudar a quem precisa etc. Ainda é em casa é que se aprende a ser organizado, a cuidar das suas coisas e a não mexer nas coisas dos outros etc.

Na escola os professores ensinam matemática, português, história, filosofia, sociologia, ensino religioso, geografia, inglês, espanhol, francês, biologia, educação física etc. Na escola, os professores reforçam aquilo que seus alunos aprenderam em casa; e em casa, os pais reforçam aquilo que os seus filhos aprenderam na escola.

A educação é um projeto. A especificidade da escola não pode ser desviada para funções que não são suas. Assim também é para com a família. O que for contrário a isso, fará com que esse projeto saia dos trilhos. Que tenhamos uma boa volta às aulas!

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