Dois dias após a forte chuva que atingiu o Estado, moradores de Iguape, zonal rural de Guarapari, estão limpando suas casas e contabilizando os prejuízos. Ao todo, 35 famílias tiveram suas residências atingidas e foram cadastradas pela Secretaria Municipal de Assistência, Trabalho e Cidadania (Setac).

Muro do quintal do senhor José Adelson completamente destruído. Foto: Rafaela Patrício

No quintal do construtor José Adelson Lopes, de 68 anos, moram quatro famílias e todas elas tiveram prejuízos causados pela chuva. Ele contou que mora em Iguape desde que nasceu e nunca tinha visto algo parecido como o que aconteceu na última terça-feira.

Segundo José Adelson, a água subiu um metro dentro das casas e o muro e três carros, sendo  dois dele, também ficaram danificados. “Vou gastar R$ 30 mil porque só no muro vai ser uns R$ 20 mil porque tem que ser reforçado. Um carro tem seguro, mas o outro não”.

Anderson mostrando o nível que a água atingiu na sua casa. Foto: Rafaela Patrício

O segurança Anderson Jonathas Pinheiro, de 45 anos, morava de aluguel no quintal do senhor Adelson há 4 anos. Segundo ele, a água subiu um metro dentro de casa. Anderson contou que ficou tão desesperado quando viu a água subindo que chegou a quebrar o gesso do teto para tentar escapar  com a família.

Ele perdeu fogão, cama, guarda-roupa e notebook e calcula um prejuízo de cerca de R$ 8 mil. O segurança relatou ainda que porque do trauma eles vão embora da comunidade.

“É duro porque a gente batalha para pagar um conjunto de móveis em dez meses e em menos de cinco minutos perdemos tudo. É muito triste isso. O psicológico da gente, principalmente da minha filha, foi abalado. Estamos nos mudando hoje e não gostaria disso. Mas não quero passar por isso, de novo”, disse o segurança emocionado.

O frentista Clebison Romerito Neves, de 30 anos, também mora no quintal e passou um grande susto com sua família. A mulher dele está grávida de 4 meses e a filha de 7 anos ficaram presa dentro de casa com água subindo. “Nós estávamos dormindo e a água começou a subir de uma só vez. Ela me acordou e eu não consegui abrir a porta porque da força da água aí pulei a janela e fui socorrer uns cachorrinhos que estavam boiando na água. Como eu não consegui abrir a porta e não sabia a quantidade de água que iria vir fiquei com medo de afogar minha esposa e minha filha lá dentro. Aí tive que arrombar a porta, agarrei elas e os móveis não deu tempo de tirar nada”.

Clebison contou que por pouco a esposa grávida de 4 meses e a filha de 7 anos não se afogaram. Fotos: Rafaela Patrício

Ele contou que perdeu tudo que tinha e hoje estava limpando o pouco que sobrou. “Não parei para calcular valores ainda porque primeiro estou correndo atrás de tirar a sujeira e organizar o que dá para aproveitar. Mas, perdi praticamente tudo. Só consegui salvar sem nada só a televisão porque tive a máquina e o guarda-roupa danificados, roupas e alimentos foram perdidos e a geladeira depois voltou a funcionar. Mas, o mais importante foi que não perdemos a fé”.

Dona Ana Maria tinha acabado de chegar de viagem quando sua casa foi atingida pela chuva. Fotos: Rafaela Patrício

Na casa da dona Ana Maria Miranda, de 76 anos, os filhos ajudam a limpar a bagunça. Ela contou que meia hora depois que chegou de viagem a água começou a invadir sua casa e precisou ser salva pelos filhos.

“Perdi todos os móveis, a roupa e a comida de dentro de casa foram tudo. Minhas duas galinhas morreram e o muro também ficou destruído. Só do muro o prejuízo foi de R$ 5 mil, mas agora meus filhos estão limpando e recuperando o que dá”, disse a idosa.

O comerciante Valter Aristides Paneto, de 52 anos,  perdeu boa parte do produtos da mercearia e também teve um muro destruído. Ele relatou que tem a mercearia há 14 anos e que nunca havia tido um prejuízo causado pela chuva, mas agora calcula ter perdido mais de R$ 50 mil.

Produtos e muro destruídos na mercearia do Valter. Fotos: Arquivo Pessoal

“Desde quando aconteceu não dormimos trabalhando para recuperar o que sobrou, que foram coisas que a água não estraga. O prejuízo passa de R$ 50 mil porque além dos produtos da mercearia, tem também as cadeiras, mesas e o muro do restaurante que caiu todo. Foi muito feio, mas graças a Deus não aconteceu nada com a gente”.

Doações. Um dos pontos de apoio para o recebimento e distribuições dos donativos na comunidade é a igreja Assembleia de Deus. No local é possível encontrar roupas, alimentos, água e colchões. Segundo a diaconisa Márcia Prado, as doações estão sendo separadas e entregues de acordo com a necessidade de cada família e a maior procura tem sido por água.

Donativos que estão sendo entregues na igreja Assembleia de Deus, em Iguape. Fotos: Rafaela Patrício

“É muito importante as pessoas se conscientizarem que precisam ajudar neste momento porque teve gente aqui que perdeu muita coisa. Às vezes a gente tem pouco, mas tem alguma coisa para poder doar e precisamos, principalmente, de água”, afirmou Márcia.

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