A Polícia Civil de Guarapari constatou desvio de combustível praticado entre funcionários da Secretaria Municipal de Saúde e frentistas dos postos credenciados, após a conclusão do inquérito instaurado em 2015, na Delegacia de Infrações Penais e Outras (DIPO).
Cerca de 40 pessoas, entre motoristas da Saúde e frentistas, foram ouvidas por investigadores e questionadas pelo delegado responsável. “As informações de abastecimento não condiziam com a quilometragem dos veículos. Nós identificamos que havia veículos que estavam parados e até quebrados na oficina, mas que havia o registro de abastecimento desses carros. A gasolina que em tese estava indo para os carros oficiais, não ficava no tanque desses veículos”, esclarece o delegado Franco Malini.
Durante as investigações que duraram quase um ano, houve dificuldade de identificar o motorista e o frentista que abastecia. “Não foi possível identificar quem estava abastecendo e quem abasteceu os veículos. O sistema usado pela Secretaria apresenta falhas, já que até as assinaturas que deveriam ser cobradas se tratavam de rubricas”, explicou.
Os combustíveis que “sumiam” dos tanques dos carros, ou que até mesmo nem chegavam a ser colocado nos veículos, eram vendidos. “A gasolina era colocada nos carros da Secretaria e depois o motorista tirava a gasolina de lá e vendia mais barato. Na verdade, o combustível saía de graça para esses motoristas e eles conseguiam vender para outras pessoas por alguns centavos mais baratos. Já os carros que estavam parados na oficina, os motoristas informavam apenas as placas para os frentistas e faziam acordos com eles: o frentista abastecia outro carro que não era da Secretaria, e ainda ganhava um trocado”, confessou um funcionário da Saúde que preferiu não ser identificado.
MP. A conclusão do inquérito foi encaminhada ao Ministério Público. Em nota, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Guarapari, informou que recebeu o inquérito policial. E caso constatadas irregularidades, serão tomadas as medidas cabíveis.
A prefeitura esclareceu que a denúncia partiu da própria Secretaria da Saúde, que iniciou uma auditoria interna ao identificar tais irregularidades. Tal auditoria gerou processo administrativo e denúncia à Polícia Civil. E o Município aguarda o desfecho das investigações.