A implantação do sistema de estacionamento rotativo em Guarapari já teve sua cota de controvérsias. No começo foi uma batalha judicial para liberar, barrar, liberar de novo. Até que em janeiro deste ano o rotativo começou de vez. Ultimamente as polêmicas giram em torno dos atrasos de salários e benefícios dos funcionários.

O auge do problema, e que evidencia a falta de saúde financeira da empresa Vista Group Network (VGN), foi na semana passada, quando 18 funcionários foram demitidos depois de fazerem uma paralisação em protesto ao atraso no pagamento dos salários.

Tabela mostra quanto a VGN deveria repassar mensalmente para a prefeitura.
Tabela mostra quanto a VGN deveria repassar mensalmente para a prefeitura.

Diante desta situação, o Portal 27 procurou a prefeitura para saber como andam os repasses de 34% dos valores arrecadados com o estacionamento rotativo. Este valor deveria ser repassado mensalmente e depositado em uma conta específica da prefeitura e só poderia ser usado em melhorias e investimentos no trânsito da cidade.

Moradores do Centro poderão pedir isenção da cobrança do rotativo. foto: João Thomazelli/Portal 27
Nos últimos meses a empresa tem atrasado o salário dos funcionários e até agora não fez nenhum repasse para a prefeitura. Foto: João Thomazelli/Portal 27

Para nossa surpresa, descobrimos que até agora nenhum centavo do que foi arrecadado chegou aos cofres públicos. Hoje a VGN deve quase R$ 120 mil à prefeitura, valor este referente aos 34% arrecadados com o estacionamento pago nas ruas do Centro de Guarapari.

Os problemas com o atraso no pagamento dos funcionários e a falta de repasses de parte dos valores arrecadados pode gerar até na perda do contrato por parte da VGN.

Empresa tenta parcelar a dívida

Diante das dificuldades de repassar à prefeitura os 34% do que foi arrecadado com o estacionamento rotativo, a Vista Group Network solicitou a prefeitura que parcelasse o débito, que de acordo com a administração municipal é de R$ 119.970,33, referente aos seis meses de arrecadação.

A proposta foi de que o valor seria pago em três vezes. Procuramos a empresa para falar sobre a falta de repasses, mas a assessoria de comunicação nos informou que a direção da empresa não vai comentar o caso.

Prefeitura está analisando o pedido de parcelamento da dívida

Em nota, a prefeitura de Guarapari informou que a VGN procurou a prefeitura para avisar que iria atrasar os repasses porque, no projeto original do contrato, existe a previsão de que sejam instaladas três mil vagas de estacionamento, mas até o momento apenas 700 estão em funcionamento.

Segue a nota da prefeitura sobre o caso:

“A empresa entrou em contato com a Prefeitura informando que atrasaria o repasse da arrecadação com argumento de que o objeto total do processo de licitação era implementação de 3 mil vagas, entretanto, até o momento apenas 700 vagas foram autorizadas.

Sendo assim, a empresa arcou com todo o investimento de implementação do processo inicial, justificando o não pagamento de nenhuma das parcelas, e apresentou um plano de parcelamento dos valores devidos à Prefeitura referente aos primeiros meses de contrato. Tal contrato prevê que, do total arrecadado pela empresa, 34% seja repassado ao Fundo da Prefeitura.

A incapacidade de gerir o contrato é cláusula que pode provocar notificação, sanção e, em última instância, o cancelamento do contrato, entretanto, a prefeitura trabalha com foco na geração de empregos e renda na cidade e está analisado o pedido de parcelamento da empresa por meio de sua Procuradoria Geral”.