Elas atuavam na faxina do mercado e na casa dos patrões na região norte da cidade, em Guarapari. Bastou uma oportunidade e as três assumiram a profissão que era disputada na maioria das vezes pelos homens, e viraram açougueiras. E com orgulho. Depois de superar a desconfiança, agora elas são as preferidas de muitos clientes.

Elas trabalhavam na limpeza do mercado e de um antigo açougue da região norte, quando viram a oportunidade de uma nova profissão e viraram açougueiras. Fotos: Roberta Bourguignon

Elza Arcângelo, 43 anos, Rita de Cássia, 44, e Vera Lúcia Rodrigues da Conceição, 40, são as comandantes do açougue de um mercado popular do bairro Perocão.

Há 15 anos na profissão, Elza relata que ainda existe um certo preconceito por parte de alguns homens quando se deparam com as açougueiras.

“Existe um preconceito no caso do próprio homem, em achar que não somos capacitadas. Mas uma vez atendido por nós, não tem mais o que reclamar, e quando retorna o preconceito acaba. Quem já conhece o nosso trabalho, às vezes fica na fila esperando para ser atendida por nós. Falam que somos mais caprichosas, e que fazemos como se fossem as mulheres em casa”, conta Elza.

 

Rita revela que quando começou na função, há 12 anos, foi um pouco constrangedor. “No começo era um pouco constrangedor, por ser um serviço onde as pessoas eram acostumadas a ser atendidas por homens. Mas depois os clientes começaram a elogiar nosso trabalho e fomos gostando e estamos até hoje”, comenta Rita.

Vera Lúcia, a mais nova na profissão, há sete anos, conta que foi no próprio mercado que a oportunidade de crescer surgiu. “Eu era auxiliar de serviços gerais, um rapaz que trabalhava no açougue foi dispensado, e surgiu a oportunidade. Eu aprendi a profissão e agarrei a chance, me tornei açougueira. Sou feliz por estar nessa profissão”, disse ela.

Apesar de terem saído de uma função ocupada pelas mulheres e assumirem uma profissão que até pouco tempo era exclusivo do sexo masculino, para elas, quando é feito com carinho e atenção, não há diferença na classe gramatical.

“Fazendo com amor, não há diferença no trabalho exercido por homem ou por mulher”, finaliza Rita.