Paciente conhecido como “Canibal” deixa unidade psiquiátrica e volta a viver no interior do ES

Um paciente que ficou conhecido como “Canibal”, após crimes que o levaram a décadas de internação, deixou a Unidade de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (UCTP), antigo Manicômio Judiciário, e passou a viver com a família na zona rural do Espírito Santo. A liberação ocorreu no fim do primeiro semestre deste ano.

Segundo a Coordenadoria das Varas Criminais e de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), a soltura foi autorizada por decisão judicial que considerou cessada a periculosidade do paciente, determinando que ele fosse submetido a tratamento ambulatorial pelas secretarias estadual e municipal de saúde. Com isso, foi reinserido no convívio familiar.

O TJES estima que cerca de 10 pacientes ainda permanecem internados na unidade. Após a desativação completa, o espaço físico deve ser convertido em um presídio de regime semiaberto.

O Tribunal informou ainda que o homem, atualmente idoso, segue acompanhado por uma equipe multidisciplinar da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), está medicado regularmente e apresenta evolução clínica favorável, “sem oferecer riscos à sociedade”.

UCTP segue funcionando apesar do prazo de fechamento

A saída do paciente ocorre em meio ao processo de desativação da UCTP, localizada em Cariacica, prevista na Política Antimanicomial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), instituída em 2023. O cronograma estabelecido determinava que todos os internos fossem desinstitucionalizados até quarta-feira (26).

Na última segunda-feira (24), a Sesa havia informado que 22 pacientes ainda estavam internados. Segundo a secretaria, o processo de desativação segue alinhado com a Secretaria da Justiça (Sejus), a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Setades) e as diretrizes da Resolução nº 487/2023, atualizada pela Resolução nº 572/2024.

Desde 28 de maio de 2025, a UCTP não recebe novos internos. Todos os pacientes deverão ser acompanhados pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), seja em casa, em Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) ou em Residências Inclusivas (RI).

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João Pedro Barbosa

Jornalista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo.

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