Ela tem 22 anos, concluiu apenas o ensino médio e assume ser garota de programa exclusivamente por causa de dinheiro. No corpo estão tatuados os nomes das filhas de 4 e 6 anos, e por isso ela preferiu não revelar a verdadeira identidade. A jovem ruiva, muito atraente e com uma voz doce adotou o nome de Samira para encarar a prostituição na cidade de Guarapari, em nome de uma vida financeira mais folgada.

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“Ser garota de programa foi uma decisão minha”…

Aos 17 anos de idade, Samira precisou sair da Bahia com a filha recém nascida e uma  outra de 2 anos. Samira se casou cedo e não precisou trabalhar fora para ajudar em casa, já que o então marido sustentava a família. Sobretudo, por motivo de ciúmes, a jovem terminou o relacionamento e precisou sair da cidade onde nasceu para evitar problemas com ele, e tentar uma nova vida.

Os vizinhos que tentaram ajudar a família de Samira, disseram que em uma cidade chamada Cariacica, no Espírito Santo havia muitas oportunidade de emprego, e que o pai, a mãe e ela poderiam trabalhar e cuidar das duas crianças. “Vim da Bahia pra cá recém separada com filhos pequenos e com meus pais que queriam tentar a vida em outro estado. Mas chegando aqui, nos deparamos com uma realidade que não conhecíamos e passamos por necessidades. Vi a minha família, que antes era unida não ter tempo nem mais para conversar”, contou. Ela relatou que todos precisavam trabalhar para sobreviver de salário mínimo, mas era exatamente isso que ela não aceitava.

Ao completar 18 anos, Samira tomou uma decisão. “No dia do meu aniversário liguei para uma prima minha, que na época já era garota de programa no Rio Janeiro, e falei pra ela que queria ser garota de programa. No início, ela tentou tirar a ideia da minha cabeça, mas eu queria ir”, explica. Eis que surge o primeiro medo: como será o primeiro cliente. Por esse motivo, ela passou semanas amadurecendo a ideia.

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“O meu pai ficou semanas sem falar comigo. Eu achei que fosse pra vida toda”

Família. “A minha mãe foi a primeira a saber. Foi muito difícil contar, mas falei logo antes de ir. Não pedi, avisei”, contou. E para sair com a mente focada, Samira precisava comunicar também o pai, sobre a decisão que havia tomado.

Novamente surge outra grande dificuldade. O pai de Samira é pastor evangélico, e por um momento ela pensou que ele pudesse rejeita-la. E a princípio, foi o que aconteceu. “O meu pai ficou semanas sem falar comigo. Eu achei que fosse pra vida toda, mas a hora que ele viu que eu poderia ajudar a família, logo mudou de opinião”, Samira conta entre risos.

“Não gosto de ser garota de programa, mas gosto de dinheiro”!
“Não gosto de ser garota de programa, mas gosto de dinheiro”

Vida Real. Depois do medo de ter o primeiro cliente, Samira logo se acostumou com a vida de luxo que se iniciava. “É um dinheiro fácil, mas de uma forma difícil de ganhar. Preciso ir pra cama com pessoas que não conheço, mas depois coloco um travesseiro na cara dele e acostumo. Na primeira semana ganhei 800 reais, e hoje minha renda mensal chega a R$ 8 mil ao mês” contabiliza.

Perguntada sobre deixar de ser garota de programa ela foi enfática e disse, “não tem como, não deixaria, pois não vou achar um emprego que eu tenha essa renda. Não tenho nada contra quem trabalha honestamente, apesar do meu também ser honesto, mas eu não consigo acostumar com um salário mínimo”, explicou. E por um amor? “Talvez por um amor sim, mas essa é outra historia. Tenho gastos, tenho minhas filhas, se ele me bancar, quem sabe. E para falar a verdade, homem não me faz falta, vou pras baladas, não fico com ninguém, não sinto vontades”, afirma.

O que o dinheiro proporcionou. “Hoje eu ajudo minha família como posso. Comprei uma casa para meu pais na Bahia, e dei R$ 20 mil ao meu pai para abrir uma padaria própria, que era o sonho dele, já que ele possuía uma pequena antes de mudarmos. Com o salário que meus pais ganhavam, mal dava para comer. Consegui dar uma vida digna à eles e ainda tenho meu carro e minhas filhas são cuidadas por babás, lá na Bahia. Eu sempre as visito quando posso”.

Parentes. Todas as vezes que Samira tem a oportunidade de visitar os parentes na Bahia, eles sempre indagam os pais dela sobre a vida que a jovem leva. “Eles ficam perguntando aos meus pais sobre o emprego que tenho, mas eles sempre respondem que eu sou gerente de loja e tenho muitas responsabilidades e por isso não posso cuidar das minhas filhas”.

Dia a dia. Sobre a vida de garota de programa, Samira afirma que  nem sempre são flores, “eu trabalhei sempre em boate e acho um pouco mais seguro, mas varia de garota o que ela prefere. Tem clientes que oferecem um dinheiro a mais para fazer sem camisinha, eu recuso, homens assim não passam de farinha do mesmo saco. Podemos pegar ou passar doenças para qualquer pessoa. Já tive uma amiga que se infectou pelo vírus HIV por fazer sexo sem camisinha. Ela via a carinha bonita e fazia sem camisinha, e aos poucos morreu por isso”, explica.

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A maioria dos homens que frequentam esses estabelecimentos são casados.

Clientes. A maioria dos homens são casados, tem uma mulher maravilhosa em casa e sai para procurar sexo na rua. “Eu não escolho clientes pelo tipo físico, o que manda é a carteira deles. Tenho clientes jovens, idosos, e até casais. Os mais velhos tomam remédio para nos procurar. Os jovens são muito apressados, e os casais na maioria das vezes é para realizar o desejo dos homens, e as mulheres que os acompanham são na maioria amantes. Os homens tem esse fetiche em ver duas mulheres na cama”, diz.

Ainda de acordo com ela, existem vários tipos de clientes. “Alguns clientes me dão mimos de presente. Teve um, que me deu 2 mil reais de presente de aniversário. Também recebo propostas de casamentos, mas não me envolvo com clientes emocionalmente. Alguns não são bons de cama, e outros são bem tarados”, explica.

Em Guarapari, a maioria dos homens que frequentam a casa em que Samira trabalha, são turistas, além dos gringos, que são os homens que mais gastam. Muito filhinhos de papai aparecem e esses, são os que mais pedem desconto”, afirma.

Drogas. O uso de drogas no meio das garotas de programas é frequente. “A cada 15 garotas que conheço, 10 tem algum vício em drogas. Eu não curto, apenas bebo para encarar a noite. Cada uma tem sua válvula de escape e a minha é a bebida”, explicou.

Por Roberta Bourguignon e Júnior Barcelos

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