A noite de ontem foi marcada pela terceira e última audiência pública de análise e estudo do Novo PDM, na Câmara Municipal de Guarapari. Quase 100 moradores da zona rural e da área urbana estiveram presentes para acompanhar os debates em torno do novo Plano Diretor Municipal que após ser aprovado, valerá por 10 anos.
Em uma apresentação feita pelo analista do IEMA Flávio Guerra, ele esclarece que todos os projetos relacionados à Área de Preservação Ambiental de Setiba teve participação do IEMA, assim como outros projetos presentes no PDM. Sobre Infraestrutura de abastecimento de água vinculada à coleta de esgoto, o analista enfatizou que, “é difícil acreditar, mas no ano de 2016, século XXI, o saneamento básico na cidade e no Brasil é como o abastecimento de água da Europa no século XV”.
Para melhoria da infraestrutura da cidade, o analista citou como exemplo, a ponte do município, onde há uma grande interferência dos fios na paisagem. “Em cidades turísticas, a paisagem é importante. Então a gente precisa retirar essas intervenções aéreas, para que elas passem a ser subterrâneas, e assim, os fios de energia não atrapalharão a paisagem”, disse Flávio Guerra.
Ilhas urbanas. O assunto mais debatido pelos moradores do interior é a inserção de ilhas urbanas nas zonas rurais. “Nós não podemos aceitar esse PDM como está. Antes mesmo de se criar zonas urbanas na área rural já temos o problema de construtores que represam a água que desce das nascentes e a gente acaba ficando sem água”, disse o morador de Cachoeirinha, Jô Subtil.
O morador disse ainda que, “denominamos essa ideia como uma aberração geográfica. Se as ilhas urbanas forem aprovadas para serem inseridas na zona rural, o município estará expulsando os agricultores rurais da comunidade para implantar os loteamentos, condomínios e grandes investimentos.
Água. O morador de Cachoeirinha garante que a comunidade envia para o município 95m³ de água por segundo, o que representa 70% do abastecimento da cidade na baixa temporada. “Para inserir essas ilhas urbanas, a prefeitura precisa preparar a zona rural, porque dessa maneira, além de prejudicar a zona rural, vai prejudicar também a área urbana com o abastecimento de água”.
E comentou ainda que 70% dos alimentos fresquinhos que vão para a mesa do morador de Guarapari é produzido no nosso interior pela agricultura familiar. Com essa ideia, os agricultores poderão perder os incentivos e os munícipes vão pagar um preço mais alto.
Enseada Azul. Um dos membros da Associação de Moradores da Enseada Azul (Ameazul) protocolou dois pedidos na Câmara. “O nosso pedido era de que a altura dos prédios fosse de uma única medida desde a primeira quadra até a Rodovia do Sol. O pedido era de uma altura máxima de 27,5m em toda a extensão da Enseada Azul, mas o PDM colocou a partir da segunda quadra de 34m de altura, o que pode prejudicar a nossa região”, disse Gilvan Cabreira.
E outra reclamação é em relação ao tamanho do terreno. “Deu se um tratamento para os terrenos da Praia de Guaibura de 600m², e deu se para a Enseada Azul 360m². E isso não pode acontecer, pois o empresário poderá construir um prédio de até sete andares e nós não temos infraestrutura para atender a demanda. Nós não temos saneamento básico ainda, porque a obra está parada, e nosso abastecimento de água não é um dos melhores”, conclui Gilvan.
Chefe do Legislativo. Durante a audiência, o presidente ressaltou que, “a Câmara municipal ainda não votou o PDM. Nós estamos analisando esse Plano, e estamos estudando a possibilidade da retirada da ideia de inserir na zona rural, ilhas urbanas, já que pra gente, isso também é um absurdo e espero que a emenda seja aprovada pelos vereadores. Os demais projetos que estão sendo questionados e as reclamações protocoladas, ainda serão analisadas para ser apresentadas em Emendas ou não”, disse Wanderlei Astori.