ERRADO! E NÃO DEVERIA PARECER SER UM “LUXO”

Cultura deveria ser sim, item de Luxo, mas um Luxo imprescindível e ACESSÍVEL A TODOS…

MAS POR QUE SERÁ… SERÁ POR QUE?

Por que a maioria dos nossos governantes relegam a cultura e sua política de preservação ao segundo plano? Simples… investimentos em Cultura não se convertem em votos… sendo assim, melhor investir em obras cujas aparências enebriem o cidadão (… afinal inaugurar obras é a coisa mais fácil do mundo… mantê-las em funcionamento como é o caso de escolas e praças… Ahhhhh…isso já são outros quinhentos).

Impossível concordar com este pensamento ou conformar que seja assim. É tão difícil entender que nosso presente é fruto do nosso passado, e que é a partir deste passado, resgatado ao presente, que construímos o nosso futuro?

NOSSO PASSADO TÁ VIRANDO LIXO?

Ruínas Guarapari > Lixo, Pichações e outros desleixos > Fotos: Marcelo Moryan
Ruínas Guarapari > Lixo, Pichações e outros desleixos > Fotos: Marcelo Moryan

Em Guarapari, tenho visto que este Passado, não importa o quão rico, ou não, ele tenha sido, parece estar cada vez mais Esquecido…

Ontem, capturando imagens para o livro “NUANCES GUARAPARI” retornei às Ruínas da Igreja Nossa Senhora da Conceição construída pelo Donatário da capitania Francisco Gil de Araújo em 1677, marco de tantas transformações em nossa cidade, sítio já fotografado por mim… e…e …e fiquei bastante entristecido com o cenário que lá encontrei… Restos de colchão, sacos plásticos, garrafas vazias, pichações nas paredes …. enfim, MUITO LIXO…. Num cenário que poderia ser UM LUXO da nossa História…

LIXO NA PORTA ERA POUCO… O PIOR ESTAVA POR VIR

Ruínas Guarapari > Avalanche Histórica > Fotos: Marcelo Moryan
Ruínas Guarapari > Avalanche Histórica > Fotos: Marcelo Moryan

Ao adentrar o terreno, achando que já tinha visto o pior, deparei-me com uma avalanche histórica… uma enorme parte da Torre do Campanário desmoronada recentemente. Situação que, pela não conservação do que ainda resta do local, pode facilmente repetir-se a qualquer momento, com qualquer um dos que se aventurem a visitá-la. Há que se registrar: não há, em qualquer local ali, o indicativo de restrição ao acesso, interdição ou obra de contenção…

Segundo a turista Maria Cristina, do Rio de Janeiro, que visitava o local, a Placa Informativa, logo na entrada “além dos dados históricos, tem a indicação de uma empresa… -Patrocínio?!?! – Não dá pra entender! No Rio, essas placas representam que de alguma forma aquela Empresa se responsabiliza pelo Patrimônio!”. Seguindo este raciocínio, torna-se ainda mais incompreensível o descaso com que, não só este, mas outros locais de inestimáveis valores culturais e históricos da Nossa Guarapari vêm sendo (não!) tratados e aparentam estar largados à própria sorte.

Ruínas Guarapari > Entrada > Desordem Histórica > Foto: Marcelo Moryan
Ruínas Guarapari > Entrada > Desordem Histórica > Foto: Marcelo Moryan

UM EXEMPLO A SER SEGUIDO

Em relação às RUÍNAS, talvez alguns proponham que não há mais nada a fazer, nada a acontecer… Então, para estes desavisados, gostaria de lembrar-lhes que sempre há algo possível a fazer, algo a se tentar pelo menos… Em recente situação bastante similar, cito o caso e, mais que isso, o EXEMPLO A SER SEGUIDO, do que foi feito nas Ruínas do sítio histórico do QUEIMADOS no município da Serra – ES (Amarras, Cabos, Escoras, etc… cuidados relativamente simples…)

QUAL RESPOSTA SERIA A MAIS SENSATA?

O que recomendar a nossos visitantes (locais ou de outros estados)?

– Não visitem, pois o PERIGO ali é iminente, Um LIXO! ou,

– Visitem logo ESSE LUXO, antes que tudo se desmorone e vire um LIXO?

ESPERANÇA, AINDA QUE TARDIA!

Ruínas Guarapari > Torre do Campanário > Desabamento > Foto: Marcelo Moryan
Ruínas Guarapari > Torre do Campanário > Desabamento > Foto: Marcelo Moryan

E assim, embora presencie os alicerces daquela Construção, cada vez mais frágeis, ao longo do tempo, mantenho a esperança de que os alicerces da nossa História, os alicerces do nosso povo sejam de fato e de direito, cada vez mais preservados.

Prefiro ainda crer que aquele mísero percentual registrado no anverso do Bilhete da MEGA SENA, de destinação de 3% da arrecadação para Cultura não seja um jogo de cartas marcadas onde a Cultura só leva de goleada da corrupção e outras mazelas, mas que de fato seja integralmente e muitíssimo bem aplicado em prol de nossa sociedade.

Caso alguém ache este texto demasiadamente dramático, por favor visite a CASA DA CULTURA em Guarapari…

Pobre “Cultura” … pobre “Cultura”…