Governo de MG vai custear academia para jovens de 15 a 19 anos. O programa foi batizado de “Bolsa Academia” e terá início em Abril. Grosso modo, os jovens identificados nos postos do Programa da Saúde da Família (PSF) como tendo sobrepeso serão encaminhados para uma academia que receberá do governo do estado 50 reais mensais. Os jovens ainda serão acompanhados por psicólogos e nutricionistas e passarão por acompanhamento e serão direcionado ao tipo de atividade física mais indicada à sua necessidade. Não quero tirar o mérito do programa, mas apontar para uma necessidade mais ampla e urgente: o impacto duplo do consumismo para o bolso do cidadão.

Por consumismo entendemos o impulso “descontrolado” pelo consumo, sobretudo às coisas supérfluas. Este consumismo é fruto de uma imposição ideológica massiva das propagandas. O consumismo tem impacto direto sobre a qualidade de vida dos indivíduos, desde transtornos psicológicos, passando pela vida social, até a saúde física. Certamente o consumo traz prazeres reconhecidos, mas o consumo impulsivo pode trazer problemas sérios.
Dentre os problemas do consumismo está o sobrepeso – não que todos os casos estejam ligados à má alimentação. Consumir alimentos acima da necessidade diária do organismo e se alimentar em horários errados é, na maior parte das vezes, causado pelo impulso provocado pela grande mídia que busca lucrar acima de qualquer outra coisa, inclusive sobre o bem-estar dos consumidores. As empresas, via propagandas, têm recebido “carta branca” para criar hábitos alimentares inadequados. Induzem o consumidor a torna-se um consumista compulsivo por diversos tipos de alimentos considerados pelos profissionais da saúde como “não saudáveis”.
O programa do governo de MG é valioso para cuidar daqueles que sofrem com o problema hoje (assim como para os casos de obesidade provocados por problemas de saúde), mas ineficiente frente aos problemas de amanhã causados pela manipulação midiática, os quais tendem a ser maiores e mais graves. A liberdade de expressão da mídia tem se convertido em prisão para muitos indivíduos carentes de educação, sobre tudo política, capaz de avaliar as relações de poder e dominação contidos na esfera midiática. Não sou contrário a liberdade de expressão, mas defendo uma regulação mínima sobre as propagandas, as quais pouco se preocupam com a saúde de seus consumidores.
O certo é que, além de custear o consumismo inculcado por meio da compra compulsiva, teremos que custear os impactos físicos, psicológicos e sociais dele sobre a população. Teremos que pagar cada vez mais impostos para custear operações, tratamentos ou programas como o “Bolsa Academia”. Não estaria na hora de chamar à responsabilidade as empresas que promovem o consumo de alimentos inadequados, como já tem feito, por muitas vezes, a justiça norte-americana? Por lá, parece que a questão da responsabilidade anda ficando clara e posta à mesa, por aqui, vamos pagando dobrado sem ao mesmo pensar a respeito.