Os usuários do transporte público viram quando o caminhão da Escelsa chegou na Rodoviária de Guarapari na manhã de hoje (24). Minutos depois, todo o terminal rodoviário ficou às escuras. O motivo: a escelsa cortou a energia por falta de pagamento.

A empresa que administra o rodoshopping está com as contas atrasadas desde o mês de março. O total da dívida é de 48 mil reais, e a explicação do gestor, é que eles não pagaram as contas por falta de receita. “A rodoviária foi inaugurada no ano passado. De lá pra cá, temos arcado com as despesas da rodoviária com a venda de bens pessoais. Isso não pode continuar assim”, explica Luiz Antônio Nicchio.

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Todo o terminal rodoviário ficou às escuras após a escelsa cortar a energia por falta de pagamento.

Segundo o gestor, todo esse problema foi gerado porque a prefeitura não cumpre com o contrato assinado. “Nós construímos a rodoviária em cima de um contrato que foi assinado em 2011. Fizemos estudos e planejamos uma arrecadação mensal de mais de 100 mil reais. O problema é que com apenas os ônibus interestaduais parando no terminal, essa arrecadação não chega a R$ 20 mil, e isso não é o suficiente para pagar a conta de energia. Muitos comerciantes estão devendo aluguel, condomínio, e o problema é que eles não conseguem vender, porque o município ainda não cumpriu com o contrato, que exige que os ônibus intermunicipais façam o embarque e desembarque de passageiros exclusivamente do rodoshopping”, disse Luiz.

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Algumas empresas de ônibus continuaram emitindo a passagem manualmente na rodoviária.

Algumas empresas de ônibus continuaram emitindo a passagem manualmente na rodoviária. A Sudeste, Alvorada e Planeta estão vendendo a passagem apenas dentro dos coletivos. E a empresa kaissara orienta os passageiros a comprar passagem no guichê do Centro, que fica na Avenida Joaquim da Silva Lima.

Quem tem comércio dentro da rodoviária foi obrigado a fechar as portas, porque segundo eles, não há como trabalhar sem energia. “Eu até lancei uma promoção hoje cedo, e estou vendendo os salgados rapidamente para não dar tempo de esfriar muito. Nós dependemos exclusivamente da energia elétrica para trabalhar. E desse jeito, não tem como. Vamos baixar as portas e ir embora, deixando de ganhar o pouco que estávamos ganhando”, contou o comerciante Luiz Roberto.

E segundo os gestores, não há previsão para pagar as contas. “Nós não temos como pagar a conta, se o contrato não for cumprido. É com muita tristeza que estamos enfrentando mais esse problema no empreendimento que foi construído para atender a população de Guarapari e os turistas que visitam a cidade. E nós continuaremos funcionando sem luz”, conclui Luiz.

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Proprietários vão acionar o presidente da Câmara de Guarapari, Wanderlei Astori, por ser por ser um dos envolvidos em conseguir caçar a liminar do juiz

Processo. O gerente ainda afirmou vai acionar o prefeito Orly Gomes (PDT), na justiça. “Vou para a justiça e para o Ministério Público, pedir a improbidade do prefeito por descumprimento do contrato”, disse Luiz.

Ainda de acordo com ele, também vai acionar o presidente da Câmara de Guarapari, Wanderlei Astori, por ser um dos envolvidos em conseguir caçar a liminar do juiz que obrigava os ônibus intermunicipais a saírem exclusivamente da rodoviária. “Foi um ato irresponsável que ele fez. Estão invertendo valores. Isso evitou trezentos empregos diretos. Estão invertendo tudo, bandido vira herói e herói vira bandido. Eles pararam tudo por causa de 40 manifestantes, em uma cidade que tem 120 mil pessoas. Eles querem prejudicar o desenvolvimento de Guarapari. Eu vou pedir as providencias a justiça”, desabafou.

Procurado pelo Portal 27, o presidente da Câmara, Wanderlei Astori, falou que faltou um pouco de entendimento dos proprietários. “Durante as reuniões foi pedido a eles que deixassem os ônibus sair dos bairros pelos menos até as 7 da manhã. Ele não liberaram. Com isso a população, os trabalhadores, fizeram abaixo assinado e protocolaram na Câmara pedindo a intervenção dos vereadores. E nós como representantes do povo, temos que fazer o que? Eu fiz e faria de novo. Vou responder a ele na justiça e estou com a consciência tranquila”, disse o presidente.

Prefeitura. Procurada para se manifestar sobre o assunto, a prefeitura disse que “O Rodoshopping é um empreendimento privado e sua manutenção é de responsabilidade da empresa. A Prefeitura, através de sua Procuradoria, analisa se o não funcionamento acarreta em algum problema para o contrato ou cidade. O Município aguarda desfecho da decisão judicial quanto à obrigatoriedade exclusiva dos embarques e desembarques na rodoviária, autorizado pela administração passada, e reafirma o compromisso em defender os interesses da população para solucionar a situação”, respondeu a prefeitura através de nota.