Alvorada em crise após a chegada do Transcol em Guarapari

 

 

Um teste silencioso, que gerou muita polêmica e revelou uma realidade de uma empresa que está no município há 60 anos. Depois de décadas de monopólio, a empresa Alvorada, a única que fazia a linha de ônibus de Guarapari à Vitória pela Rodovia do Sol, pode fechar as portas. A informação é da assessoria de comunicação da Viação Flecha Branca, nova proprietária da Alvorada e da Viação Sudeste desde agosto de 2015.

A Alvorada alega concorrência desleal com o Sistema Transcol, que não pagaria o pedágio da Rodosol, recebe subsídio do Governo Estadual e não pagaria imposto, segundo a empresa. Operando desde setembro do ano passado, o Transcol aumentou a quantidade de ônibus que operam na linha Guarapari – Vila Velha e, segundo cálculos de moradores, pelo menos 500 pessoas por dia fazem esse trajeto somente das 5h às 8h30 da manhã, de Setiba para a Grande Vitória. A Alvorada não revelou a quantidade de passageiros que perdeu com a chegada do Transcol, mas disse que a queda foi grande.

Para tentar se recuperar, a viação tentou fazer um teste de forma silenciosa, sem colocar placas ou aviso prévio e enviou funcionários ao ponto de ônibus do Trevo de Setiba na segunda-feira (14) pela manhã (horário de maior pico) para que eles pudessem oferecer a mesma viagem, mas com o valor bem menor do que o habitual.

A ação não foi bem recebida pelos passageiros, que interpretaram como um “boicote” ao Sistema Transcol. Há gravações de vídeos e áudios dos funcionários da empresa Alvorada que, uniformizados e com blocos de passagem nas mãos, ofereciam a viagem no novo valor de R$ 2,90. Dez reais a menos do que o cobrado dentro do coletivo, que é de R$ 12,90.

Uma das pessoas que lutou para que o Sistema Transcol viesse para Guarapari explica: “Querem prejudicar o Transcol que lutamos tanto para conseguir. Se esse sistema de transporte perder força aqui, muita gente vai ficar desempregada de novo. Todos sabem a dificuldade que foi para trazer o Transcol para Guarapari e, para quem precisa de emprego, não importa para onde se vá. Esse novo valor não era para beneficiar o povo, era para nos prejudicar!”, disse Neia Lima, presidente da Associação dos Amigos da Praia do Sol, em Guarapari.

Foram os próprios passageiros que fizeram a denúncia ao DER e à Ceturb.

O Departamento de Estradas de Rodagens (DER), responsável pela análise das mudanças relacionadas ao transporte intermunicipal de passageiros no Estado respondeu à nossa redação que “não foi consultado sobre a ação relatada e que está averiguando o ocorrido”.

A assessoria de comunicação da Alvorada disse que, para haver mudanças no valor da passagem, deveria apresentar um plano com a nova proposta ao órgão, mas como não tinha ainda dados, resolveu fazer esse “teste” em silêncio para depois apresentá-lo. O que acabou sendo mal recebido pelos passageiros.