Durante a palestra “Segurança Pública no Brasil”, realizada em uma faculdade particular de Guarapari, na sexta-feira (15) o Secretário Estadual de Segurança Pública, André Garcia, afirmou que o Estado vai comprar mais viaturas e fuzis para combater a criminalidade. “Nós adquirimos mais 30 viaturas e vamos comprar mais agora e vamos comprar fuzis importados”, disse.

Outro ponto que chamou atenção na fala do secretário foi com relação ao tráfico de drogas. Segundo ele, a “Guerra contra as drogas está perdida. Quem acha que vai enfrentar a droga na guerra colocando polícia atrás de traficante, prendendo quantidades de drogas vai chegar à conclusão que foi um esforço inútil. Temos que focar é sob o ponto de vista da prevenção e do tratamento. Só tem solução por aí, não pela guerra”, afirmou André Garcia.

André Garcia, afirmou que o Estado vai comprar mais viaturas e fuzis para combater a criminalidade,

Vítimas. Ele também se posicionou contra a ideia defendida por muitos de que o criminoso é vítima da sociedade e contra o auxílio reclusão. “A ideia muitas vezes vendida que o bandido é vítima da sociedade, ou seja, a ideia que a sociedade é vítima do crime fica em segundo plano. Se fala muito mais em direito dos presos, que também acham que devam ser observados, do que o direito da vítima e de sua família. Acho que se tem o auxílio reclusão, deveria ter o auxílio em favor as vítimas da violência. Afinal, quem sofreu mais com a violência foi quem praticou ou a família da vítima? Essa lógica é completamente invertida. A vítima e suas famílias é que tinham que ser amparadas”.

Greve. Na ocasião, o secretário reconheceu que após a paralisação da Polícia Militar em fevereiro, houve um aumento na taxa de homicídios e crimes contra o patrimônio no Estado.

Ele afirmou que “nós passamos por um momento traumático. A Polícia Militar no Espírito Santo sempre foi muito respeitada e houve uma ruptura nesse processo de prestação de um serviço que é essencial para a sociedade, que é o policiamento ostensivo. A obrigação nossa na Sesp e no Comando Geral da Polícia Militar é tentar restabelecer a normalidade, reconstruir as pontes de diálogo e mostrar que mais para frente é possível construir um caminho adequado, inclusive, para atender algumas demandas históricas que são justas.”, afirmou.

Medellín. Segundo o secretário, atualmente a taxa de homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, que é o principal indicador de segurança pública, no Estado é a mesma de Medellín, na Colômbia, onde no passado o traficante Pablo Escobar causou muita violência. “O ano em que tivemos mais mortes no Estado foi em 2009 quando essa taxa chegou a 58 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Foi o ano mais violento aqui no Estado. Medellín na década de 90 chegou a ter uma taxa de homicídios de trezentos e trinta e poucos homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Hoje a taxa de Medellín é exatamente a taxa do Espírito Santo, 29 para cada grupo de 100 mil habitantes. Ela sofreu uma queda, mas não tão drástica como a de Medellín”, comparou André Garcia.

Segundo o secretário, atualmente a taxa de homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, que é o principal indicador de segurança pública, no Estado é a mesma de Medellín, na ColômbiaFoto: Rafaela Patrício

Ainda de acordo com o secretário, a média de esclarecimentos de homicídios no Espírito Santo é maior do que a média nacional. “O FBI no ano passado fez um estudo sobre produtividade policial e chegou à conclusão que o próprio FBI só solucionava 30% dos casos investigados em geral e 67% dos homicídios. Nenhuma polícia no mundo tem 100% de esclarecimentos de homicídios. A média brasileira é 8% e a capixaba é 40% da DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa) e da DHPM (Delegacia de Homicídios e Proteção a Mulheres) é de 75%”.

“Nenhuma polícia no mundo tem 100% de esclarecimentos de homicídios. A média brasileira é 8% e a capixaba é 40%”. Foto: Rafaela Patrício

Para o secretário para resolver o problema da segurança pública não basta investir na compra de equipamentos. “A lógica para nós nos sentirmos seguros não é repetir mais do mesmo que a gente ouve tanto. O mais do mesmo é fazer mais concursos, que é bom e vamos fazer para a PC, PM e Bombeiros no ano que vem, é comprar mais viatura, mais colete e arma. O “trio parada dura”. Quando a gente reage dessa forma para os problemas de segurança no final das contas estamos diminuindo a complexidade do problema e assumindo sozinhos a responsabilidade pela sua solução. Segurança pública, portanto, tem a ver com polícia, mas não se limita a ela”.

Porte. Questionado sobre a liberação do porte de armas para o cidadão o secretário afirmou que “já fui radicalmente contra a flexibilização do estatuto do desarmamento e mantenho ainda. Acho que se a gente evoluir enquanto país para termos instrumentos de formação e controle adequados para o cidadão que vai portar arma e usar, o caminho é este. Acho que constitucionalmente o cidadão tem o direito de ter a sua arma. No entanto o grande problema que tenho visto na prática são reações dos indivíduos que tem uma arma na mão. Isso gera acidentes, incidentes e mortes desnecessárias”, finalizou.

 

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