Depois de passar anos trabalhando para receber U$$6 dólares de salário mínimo por mês, em condições precárias na Venezuela, duas famílias de refugiados atravessaram a fronteira e vieram para Guarapari, com a esperança de dias melhores e oportunidade de trabalho. Eles foram acolhidos pelos membros d’a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias.

Ao todo, são nove venezuelanos sendo dois casais e cinco crianças, que estão morando no bairro Itapebussu, depois de terem atravessado a fronteira da Venezuela até Roraima e de Roraima até Vila Velha, quando então chegaram a Guarapari.

Refugiados da Venezuela estão em Guarapari em busca de novas oportunidades de trabalho. Eles recebiam salário de U$$6 dólares,

O casal Mariangel e Alexis, são pais das meninas Maria Alex, 15, Marilex 11 e a mais nova Marielix, 8 anos. Juntos, o casal deixou casa, familiares, venderam os pertences e pediram dispensa dos empregos para tentar uma nova vida. A Mariangel, disse que era encarregada em uma papelaria e recebia U$$6 dólares por mês, o equivalente a R$24,12 (vinte e quatro reais e doze centavos), valor que não se compra nem uma cesta básica aqui no Brasil.

Apesar de o  lançamento do plano de recuperação econômica proposto pelo governo de Nicolás Maduro em 2018, para enfrentar a crise e a hiperinflação na Venezuela, o salário mínimo chegou ao valor mais baixo da história em agosto deste ano e equivale a US$ 2,76, cerca de R$ 11,15, segundo a cotação cambial oficial da época.

Mariangel e Alexis com suas filhas.

“Eu trabalhava em uma papelaria por oito anos e era encarregada de compra e venda, inventário, responsável por outras duas funcionárias. Estudei curso Técnico em Relações Industriais. Eu recebia três salários mínimos, mas não era suficiente”, contou a refugiada.

Mariangel, é uma das mais falantes do grupo, e contou ao Portal 27, que ao chegar em Guarapari, foi chamada por uma irmã da igreja, para fazer uma faxina. Ela recebeu R$100,00 pelo serviço prestado e ficou comovida.

“Eu me senti muito bem, por que recebi R$100,00 em um dia de trabalho aqui no Brasil. E esse valor foi o que me deram, quando eu terminei oito anos de trabalho na Venezuela”, disse emocionada.

Igreja ajuda na moradia e alimentação

Carolina Bishop ao centro é líder de assuntos públicos d’a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias e tem feito mobilização para acolher os venezuelanos.

As duas famílias de venezuelanos estão em Guarapari, acolhidos por membros d’a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias. Apoiado pelo projeto do empresário Carlos Martins Wizard, que construiu um abrigo para refugiados em Roraima e está em contato com demais membros da igreja da qual ele é helder- uma espécie de líder, para acolher os venezuelanos pelo Brasil afora.

Segundo Ana Carolina Bishop, Líder de assuntos públicos da igreja em Guarapari, houve uma mobilização entre os irmãos da igreja para montar a casa deles aqui na cidade.

“Todo mundo se uniu para conseguir móveis, televisão, geladeira, alimentos e até roupas para ajudá-los. Agora estamos em busca de oportunidade de trabalho”, comentou.

Carolina criou um e-mail para caso alguém tenha interesse em contribuir com os refugiados. O endereço é: [email protected]

Venezuelanos querem trabalhar

Deybi e Caterine com suas filhas.

O Deybi e a Caterini são pais de duas meninas de 7 e 9 anos, eles chegaram no começo deste mês à Guarapari. Eles estão instalados na casa ao lado da família de amigos venezuelanos que estão na cidade desde setembro.

A Caterine não estava trabalhando na Venezuela, pois ficava por conta das filhas. Já o Deybi, trabalhava em vários empregos para sustentar a casa. Ele contou que já trabalhou como instalador de câmeras, departamento de estoque, armazém, compra e venda e está com esperança de um novo trabalho aqui no Brasil.

“Qualquer oportunidade de trabalho que aparecer aqui em Guarapari, nós vamos agradecer. E somos muitos gratos as pessoas da igreja e os que não são da igreja e a todos que estão nos ajudando”.

Alexis trabalhava como segurança em uma empresa do governo venezuelano, ele e sua mulher estão dispostos a recomeçar suas vidas em novas oportunidades que surgirem aqui em Guarapari.

“Nós estamos muito agradecidos pelo acolhimento que temos recebido. Estamos aqui e a nossa família é da igreja, mas podemos sentir o amor deles conosco. Aqui estamos nos sentindo muito bem”, disse Mariangel.

WhatsApp ajuda a matar saudades de quem ficou

A saudade dos que ficaram é grande, disse Caterine muito emocionada, mas a esperança de ter dias melhores é maior ainda.

“Nos comunicamos com nossa família pelo WhatsApp. Minha mãe trabalha e chega muito tarde, mesmo assim tentamos contato pelo aplicativo. Mas nós chegamos aqui e temos a esperança de prosperar, trabalhar e sermos felizes aqui”, disse emocionada Caterine.