Por Roberta Bourguignon e Clóvis Rangel | O cardápio alimentar de quase 3 mil escolas públicas capixabas tem no sabor, o cooperativismo, a sustentabilidade e o trabalho dos pecuaristas de várias regiões do Estado. Por causa das cooperativas de laticínios, o leite e seus derivados viajam de Norte a Sul para alimentar cerca de 814 mil alunos.

Clac. Prestes a completar 61 anos de fundação, a Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves (Clac) fornece seus produtos para escolas estaduais e municipais de todos as cidades do Espírito Santo. A produção é de leite longa vida, manteiga, queijo frescal, mussarela e iogurtes.

“Pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), entregamos para escolas de Alfredo Chaves, Anchieta, Guarapari, Cachoeiro de Itapemirim, da Grande Vitória toda. Praticamente mandamos para todo o estado mesmo. Nossa cooperativa gira em torno de R$ 6 milhões por ano, que vão parar no bolso dos produtores”, garantiu o presidente da Clac, Rolmar Botechia, de 70 anos.

Por causa das cooperativas de laticínios, o leite e seus derivados viajam de Norte a Sul para alimentar cerca de 814 mil alunos.

Rolmar, que também é e conselheiro fiscal da Sistema OCB/ES, destacou que a cooperativa foi fundada em 1962 para auxiliar os pecuaristas da região.  “O leite é recolhido nas fazendas pelos caminhões da cooperativa. Na sede da Clac, fazemos a coleta do leite quando chega, para saber da sua qualidade. Dificilmente dá problema. Há produtores que não entregam leite todos os dias, enquanto outros entregam todos os dias”, disse o presidente.

25 mil litros de leite. A função da Clac, segundo ele, é comercializar o leite dos pequenos produtores. São 300 pecuaristas e eles entregam, ao todo, cerca de 25 mil litros de leite diariamente, vindo de sete municípios: Alfredo Chaves, Anchieta, Guarapari, Piúma, Rio Novo do Sul, Iconha e Itapemirim.

“A gente não pensa em dinheiro, a gente pensa neles, no bem-estar das famílias deles. Damos assistência em medicina veterinária, compra de equipamentos, de ração. Buscamos parcerias com prefeitura e com o Estado”, frisa.

presidente da Clac, Rolmar Botechia, de 70 anos.

1 milhão por dia. Atualmente, o Espírito Santo produz cerca de 1 milhão de litros de leite por dia, o que representa cerca de R$ 727 milhões anuais de faturamento, com cerca de dez mil produtores de leite e cooperativas registradas no Sistema OCB/ES: Cacal, Cavil, Clac, Colagua, Colamisul, Nater Coop e Selita.

Técnico do Incaper, Raoni Ludovino de Sá, de 34 anos, destacou a importância Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cadeia do Leite no Espírito Santo, da Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), para o cooperativismo capixaba.

“O Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cadeia do Leite no Espírito Santo foi lançado em agosto e é estruturado nos eixos de agregação de valor, produção, produtividade e tecnologia campo, sustentabilidade, recursos humanos nas fazendas e estímulo ao consumo. Ele foi construído com todos os elos da cadeia produtiva do leite e poderá ser implementado por diversas instituições”.

70% de toda a produção de leite no ES vem de cooperativas

O diretor-executivo da Organização das Cooperativas Brasileiras no ES, Carlos André Santos de Oliveira, o cooperativismo capixaba é sustentável, e 70% de toda a produção de leite do Espírito Santo é de responsabilidade dessas cooperativas.

Carlos André Santos de Oliveira

“Quando falamos das cooperativas que atuam no segmento leite, sabemos que elas têm uma contribuição gigantesca nesse mercado. De acordo com o Anuário do Cooperativismo Capixaba 2023, lançado pelo Sistema OCB/ES, estima-se que 70% de toda a produção capixaba de leite é responsabilidade dessas cooperativas. O produto dá origem a uma série de derivados, ampliando ainda mais o seu consumo. Esse número é significativo e mostra a presença pujante do nosso modelo de negócio no alimento que chega às mesas das famílias capixabas e aos refeitórios das escolas”, destaca Carlos.

E frisa que esse tipo de produção respeita os recursos naturais. “O cooperativismo agro capixaba tem uma produção rica, de qualidade e que é realizada respeitando os recursos naturais. Os produtos que saem das nossas cooperativas chegam a diferentes espaços, inclusive às escolas, compondo a merenda escolar de milhares de estudantes. Ou seja, o cooperativismo fornece itens que contribuem para o processo educacional no estado”, completa ele.