O motorista de aplicativo Amarildo Amaro, que foi morto na última segunda-feira, implorou para não ser executado pelos criminosos. A informação foi dada pelo delegado Guilherme Eugênio, da Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Guarapari.
Na manhã de hoje, em entrevista coletiva, o delegado deu detalhes da ação dos três bandidos presos ontem pela morte de Amarildo.
Guilherme Eugênio contou que até ele ficou surpreso com a crueldade dos detidos. “Eu trabalhei dez anos em delegacia de homicídios, mas nunca me deparei com um crime tão cruel e por motivo tão fútil como este”, declarou.
De acordo com o delegado, a morte de Amarildo foi o fim de uma sequência de pelo menos cinco roubos com restrição de liberdade feitos pelo trio de criminosos apenas em Guarapari. “Eles criaram perfis falsos no aplicativo e rendiam a vítima com facas e uma espingarda calibre 12 de fabricação caseira. O objetivo era, de acordo com os detidos, curtir com os carros das vítimas e nada mais, mesmo porque os valores roubados eram baixos”, explicou Guilherme Eugênio.
Crueldade. O delegado disse que os detidos contaram em detalhes a dinâmica do crime que culminou com a morte do motorista e que em momento algum eles demonstraram remorso pelo que fizeram.
“A princípio os detidos pediram uma corrida do Bairro Itapebussu para Santa Rosa. Ao chegar no destino eles anunciaram o assalto e passaram a vítima para o banco do carona. Sempre sob a mira da espingarda e de uma faca, que estava com os suspeitos no banco de trás. Em Andana eles colocaram o Amarildo no porta malas e seguiram em direção a Buenos Aires”, contou.
No meio do caminho, Amarildo conseguiu sair do porta malas e fugir, mas os criminosos o pegaram e desta vez amarraram os pés e mãos dele. Numa estrada deserta, já na região de Alto São Miguel, na zona rural de Guarapari, Amarildo foi retirado do carro e mandado subir um barranco. De acordo com os detidos, eles iriam tentar negociar a soltura dele em troca de dinheiro.
Mas ao subir o barranco, Amarildo, ainda com as mãos amarradas, se desequilibrou e empurrou o menor que o acompanhava. Neste momento o comparsa, maior de idade, atirou contra a cabeça da vítima.
“Mesmo com o tiro, Amarildo não morreu. O tiro deixou ele cego e ele então passou a implorar aos bandidos para que não o matasse, que ele já não oferecia riscos para eles e depois passou a pedir perdão a Deus”, contou o delegado.
Vídeo. Depois do tiro, os criminosos passaram a filmar o crime e enquanto davam facadas e pauladas em Amarildo, que pedia para não ser morto, um dos bandidos falou o nome da ex-mulher e disse que era assim que ele ia fazer com ela.
“Depois de cerca de 15 minutos de tortura, facadas e espancamento, Amarildo não resistiu e morreu. Os bandidos então, jogaram o corpo dele em um barranco profundo e cobriram com bambu. Se eles não tivessem nos levado lá, provavelmente o corpo nunca seria descoberto, pois mesmo com o cheiro de putrefação, a região é muito distante de tudo”, disse Guilherme Eugênio.
De acordo com o delegado, com exceção do menor, as penas dos crimes cometidos pelos outros dois detidos podem chegar a 90 anos.