Crianças brincam em seus Paraísos Particulares. Até quando? Foto: Marcelo Moryan

Já passa da meia noite e, assim como milhares de pessoas, eu deveria estar dormindo o “sono dos justos”, afinal somos trabalhadores honestos que durante o dia nos empenhamos em nossas tarefas de sobrevivência diária. Mas como dormir escutando os gritos de crianças inocentes que ecoam em nossa consciência? Inocentes que foram subtraídos do seu futuro por uma reivindicação transvestida de direitos – e que no fim já não se reconhece como uma sandice.

Não bastasse a essas inocentes crianças driblar o infortúnio de suas misérias vestais, tiveram que contar com a sorte e driblar o horror das balas perdidas, fruto de um litígio entre quem deveria nos proteger e quem deveria nos governar.

Será que ambas as partes deste inferno de Dante já não percebem que chegaram no extremo do fosso? São surdas? Pior é a conclusão:

Estão dormindo com as suas fantasias, quiçá, prontas para o carnaval. E não vai adiantar minha tristeza, que dilacera o coração, defenestrá-las – pois, embora esteja a milhares de metros da mãe que hoje chora a criança que morreu em minha querida Guarapari, fulminada por uma bala errante, somos idênticos prisioneiros nesse cadafalso de insensatez e dor. Uma dor pior que a própria dor que chora – Uma dor de estar completamente vazio e perdido. Uma dor lacerante e ridícula porque não se apraz a aprender – simplesmente quer respirar o ódio.

Cabe nesse momento fingir que uma oração é capaz de nos salvar? É uma resposta dura que uma mãe que acabou de perder um filho, sinceramente, vai concordar – não cabe. Soube agorinha por uma amiga que ela está d-e-s-e-s-p-e-r-a-d-a. Talvez a mãe que bloqueia neste momento os batalhões de polícia em todo o estado do Espírito Santo até concorde, em sua abissal catarse, que foi mais uma fatalidade e que isso, claro, acontece todos os dias – mas… mas… teria acontecido com esta pobre criança que hoje só queria brincar livremente?

Frei Pedro Engel, 80 anos, agredido covardemente por bandidos que roubaram o Convento da Penha é ainda o patrono da minha credulidade para salvar o parágrafo anterior – Experiente e dotado de maior compacidade para entender e compreender o ser humano, mesmo ferido disse: “Não podemos deixar que eles matem a nossa esperança”.

Fé e Esperança são o que temos… e deixando o fingimento de lado, isso nos bastam?

É preciso acreditar que sim, pois isso é o que nos difere dos que nos açoitam com balas perdidas e outras mazelas – Do contrário chegamos ao FIM DO MUNDO… e logo saberemos se era Cristo, Buda, Maomé, Mahavira, pastores, padres, gurus, todos os outros grandes iniciados ou Dante Alighieri que tinha razão – “O INFERNO É NA TERRA”… e cá estamos nós em Guerra.

PS: Uma bala nunca é perdida. É SEMPRE ENCONTRADA EM ALGUM CORPO INOCENTE.

 

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