Uma situação delicada ocorreu no último sábado (14), no Hospital Materno Infantil Francisco de Assis (Hifa), quando a mãe de uma criança autista chamou a polícia após problemas com o atendimento prestado. O incidente levantou preocupações sobre como pacientes autistas são tratados no sistema de saúde de Guarapari.

Incidente. Rosimelia Nogueira, mãe de um garoto de 7 anos com autismo, que também enfrenta intoxicação intestinal crônica, relatou o ocorrido. “A cada dois dias ele precisa fazer lavagem intestinal, e eu o levo ao Hifa. Passei na triagem às 18:30h e eles colocaram a pulseira verde nele, mesmo sabendo que autista tem atendimento prioritário”, disse ela. Após a triagem, mãe e filho ficaram esperando atendimento por duas horas.

Após a triagem, mãe e filho ficaram esperando atendimento por duas horas.

Segundo o relato da mãe, durante a visita ao hospital, a enfermeira que realizou o procedimento de lavagem intestinal não teria prestado um bom atendimento, deixando a criança traumatizada. “Ela virou meu filho e eu só ouvi ele gritar. Quando olhei para a mão dela, percebi que ela já havia injetado todo o líquido, sendo que não é assim. Eu gritei e disse ‘não faça isso, meu filho não é um animal, por que você fez isso com ele?’”, contou.

Boletim de ocorrência. Após o atendimento prestado, Rosimelia acionou a Polícia Militar, que foi até o local e registrou um boletim de ocorrência. Segundo o documento, uma das servidoras presentes teria se negado a informar seus dados durante a abordagem dos policiais, e outra teria tentado intervir na ação dos militares antes de ser convencida a cooperar.

Processo. Segundo Rosimelia, ela irá entrar com um processo contra o hospital. “Meu filho está traumatizado. Será necessário o esforço de várias pessoas para segurá-lo enquanto fazem a lavagem novamente. Para mim, isso é um crime”, destacou ela.

NOTA DE ESCLARECIMENTO.  Diante destes fatos, o portal 27 entrou em contato com a assessoria do Hospital, que nos enviou a seguinte nota.  “O HIFA Guarapari esclarece que prioriza sempre o atendimento dos pacientes de acordo com a classificação de risco, no entanto, considerando a Lei N°14.626 que ampliou o atendimento prioritário para pessoas autistas, este público tem o atendimento priorizado e é atendido logo que o atendimento em andamento é finalizado. Para garantir o cumprimento da lei, todos os colaboradores foram orientados e passaram por treinamento.

A Instituição ressalta ainda que possui o canal de ouvidoria em que o paciente/familiar pode recorrer para expressar qualquer tipo de insatisfação. Esta pode ser acionada pelo telefone (28) 2101-5606 (segunda a sexta, das 9h às 16h), ou encaminhar o relato pelo link “Ouvidoria” do site http://www.hifa.org.br/ouvidoria/.

Sobre o atendimento mencionado, o paciente foi atendido pela equipe e precisou passar por um procedimento que seguiu todos os protocolos médicos recomendados, não gerando nenhum tipo de dano ao paciente.”