O desastre de Mariana, ocorrido em 2015, continua a ter impactos graves, agora atingindo baleias na costa do Espírito Santo.
Após nove anos, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) encontraram metais pesados, como manganês, em tecidos de baleias jubarte. Esses metais são provenientes do rompimento da barragem de Fundão, que liberou resíduos na bacia do Rio Doce, chegando ao oceano.

O estudo, liderado por Milton Marcondes, alerta que o manganês pode afetar o sistema nervoso das baleias, prejudicando sua capacidade de navegação e, consequentemente, sua sobrevivência. A presença desses metais é preocupante pois indica que o impacto ambiental do desastre continua, afetando a vida marinha em larga escala e mostrando como os ecossistemas ainda sofrem as consequências do derramamento de rejeitos.
Os pesquisadores analisaram amostras de tecidos de 21 baleias encalhadas, entre 2018 e 2022, nas praias do Espírito Santo, e identificaram concentrações preocupantes de manganês, que são compatíveis com os rejeitos liberados em Mariana. As baleias, ao migrarem para o litoral capixaba em busca de reprodução, acabam sendo expostas a esses contaminantes, evidenciando que a tragédia se perpetua.
De acordo com Marcondes, os metais pesados, como o manganês, afetam o sistema nervoso central dos animais. Isso pode interferir em sua habilidade de navegação e provocar encalhes, o que já foi observado nos últimos anos.
O estudo também reforça a necessidade de monitoramento contínuo da vida marinha e dos impactos do desastre de Mariana. Embora a Samarco, empresa responsável pela barragem, tenha realizado ações de reparação, o ecossistema marinho continua a demonstrar sinais de contaminação.

A equipe de pesquisadores destaca que a identificação de metais pesados em espécies de grande porte, como as baleias jubarte, é um sinal de alerta para a saúde do oceano e para a necessidade de uma resposta mais eficaz em termos de gestão ambiental e mitigação de desastres.
O desastre de Mariana, o maior acidente ambiental do Brasil, ainda lança sua sombra sobre a biodiversidade e as comunidades costeiras. Estudos como este são cruciais para entender os efeitos prolongados e para pressionar por uma recuperação ambiental que considere os complexos impactos a longo prazo.
Com informações do G1 ES.