Nas últimas semanas os funcionários da Samarco Mineração têm intensificado os protestos contra uma eventual demissão em massa dos trabalhadores da unidade de Ubu, em Anchieta. Por causa da paralisação das operações, desde o rompimento da barragem de rejeitos na cidade de Mariana (MG) ocorrida em novembro do ano passado, estima-se que pelo menos 4.500 portos de trabalho terceirizados já foram fechados.

De acordo com o presidente do Sindicato da Construção Civil de Guarapari (Sindicig), Fernando Otávio, “para cada trabalhador da Samarco, existiam três empregos do setor da construção civil nos serviços de montagem, manutenção e reparos”. Ainda de acordo com Otávio, uma eventual retomada das operações na unidade de Ubu significaria um aumento de 11% da oferta de emprego neste setor.

Com a parada da unidade de Ubú, centenas de pessoas perderão o emprego. Foto: João Thomazelli/Portal 27
Com a parada da unidade de Ubú, centenas de pessoas perderam o emprego. Foto: João Thomazelli/Portal 27

“A volta da empresa significaria aumentar a oferta de empregos em 11% somente no setor, considerando os menos de 40.000 empregos atuais. Se ampliar o olhar os 6.000 empregos (Samarco e terceirizados) eram responsáveis por mais de 18.000 empregos em diversos setores (de padaria a advogados passando por empregos no setor público). A paralisação da Samarco representa muito mais que a diminui do PIB do ES em 5% é também enorme problema social”, explicou Otávio.

Foto Fernando Sindicig
De acordo com Otávio, cerca de 4,5 mil empregos terceirizados foram extintos com a paralisação da unidade de Ubú.

E as perspectivas futuras não são nada promissoras. Há duas semanas a Samarco informou ao Sindicato dos Metalúrgicos, que representa os funcionários da Samarco, que pretende demitir até 40% dos funcionários da mineradora depois do fim do lay off, que está previsto para ocorrer no dia 25 de junho. As demissões começariam em 1º de julho.

“Isto representa cerca de 1.200 funcionários da Samarco. Mas eles não nos informaram de onde serão as demissões. Ubu, Belo Horizonte ou Mariana, mas nossa contraproposta foi primeiro pelo Programa de Demissão Voluntária (PDV). Eles ficaram de nos dar a resposta sobre a demanda amanhã”. Explicaram os representantes do Sindimetal no Espírito Santo Sérgio Guerra, Amauri Mattos e Fábio Ribeiro.

Eles disseram ainda que os protestos vão continuar, caso a empresa e o sindicato não cheguem em um acordo que beneficie os funcionários.

Prefeitura de Anchieta

Navio Anchieta
Porto da Samarco em Anchieta.

No Espírito Santo o município que sofreu mais pesadamente os impactos financeiros da paralisação das operações da Samarco foi Anchieta. Com suas finanças baseadas principalmente no recolhimento do Imposto Sobre Serviço (ISS), o município arrecadava cerca de R$ 2,5 milhões mensais, passou a arrecadar apenas R$ 400 mil, uma queda significativa.

Uma estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Anchieta dá conta de que o movimento no comércio local despencou de 60% a 70%. Reflexo direto das demissões dos funcionários das empresas terceirizadas.

A Samarco

A Samarco já havia se pronunciado sobre as possíveis demissões previstas para os próximos meses. Veja parte da nota da empresa:

Desde o acidente com a barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, a Samarco vem mantendo constante diálogo com os Sindicatos para alinhamento sobre a indefinição da retomada das operações da empresa e a situação dos empregados.

Em linha com essa atuação, a convite dos Sindicatos, a Samarco se reuniu no dia 19 de maio, em Belo Horizonte, com o Metabase (Minas Gerais) e o Sindimetal (Espírito Santo) para iniciar a discussão sobre o término do lay-off, previsto para o dia 25 de junho. 

Nos últimos meses, a Samarco tem realizado estudos para avaliar possibilidades de retorno das suas atividades, o que tem sido devidamente acompanhado pelos órgãos competentes. No momento, os estudos indicam que, quando as operações forem retomadas, a Samarco irá operar com apenas 60% de sua capacidade, o que torna fundamental que a empresa adeque sua estrutura a essa nova realidade.

Na reunião com os Sindicatos, o contexto das operações foi abordado, assim como o término do 2º período do lay-off e a consequente necessidade de redução do quadro próprio de empregados.

Esta medida, extremamente difícil, porém necessária, está sendo considerada após inúmeros esforços feitos pela empresa para manter os empregos diretos de suas unidades e escritórios.”