A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia se reuniu nesta terça-feira (27) para tratar da saúde mental de agentes de segurança do Estado. O evento aconteceu no Plenário Judith Leão e contou com a presença dos professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Adriana Madeira e Marcelo Fetz, além do coordenador da Comissão Permanente de Atenção à Saúde dos Servidores da Segurança Pública Defesa Social e Justiça no Espírito Santo (Copas), Pedro Ferro.

Na reunião, os professores apresentaram pesquisa realizada pelo Núcleo de Pesquisa, Inovação e Planejamento Econômico (Nupla) da Ufes em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do estado (Sesp). O levantamento deu conta de que no período de 2013 a 2022 a taxa média de morte por suicídio dos policiais militares, civis e bombeiros foi de 22,2 por 100 mil profissionais de segurança e defesa social.

O levantamento deu conta de que no período de 2013 a 2022 a taxa média de morte por suicídio dos policiais militares, civis e bombeiros foi de 22,2 por 100 mil profissionais

Além disso, foi constatado – por exemplo – que 93% desses profissionais sofrem com insônia; 84% apresentam quadro de estresse; 46,8% fazem uso contínuo de medicação e 68,9% sofrem com sintomas de burnout (Síndrome do Esgotamento Profissional que tem como sintomas a exaustão extrema, o estresse e o esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante).

Marcelo Fetz, coordenador do Nupla, pontuou que “a segurança pública avançou nos últimos anos pensada como tecnologia, mas o mesmo não se observa do ponto de vista da qualidade de vida do servidor, sobretudo em relação à saúde psicológica”.

Já Adriana Madeira chamou a atenção para o fato de que “40% da força tem estresse pós-traumático” e afirmou que as mulheres são as mais afetadas por todos os tipos de problemas de saúde mental. “É preciso uma política especial para mulheres”, ressaltou.

A professora também apresentou as sugestões obtidas pelo estudo para solução do problema da saúde mental das forças de segurança, como “implementar terapias para prevenir problemas graves, dar suporte nas três áreas (nutrição, cardiologia e psicologia), oferecer programas de redução de uso de álcool e apoio psiquiátrico”.

Comissão de Direitos Humanos conheceu resultado de pesquisa sobre a saúde mental de profissionais de segurança do Estado

A presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputada Camila Valadão (Psol), concordou e destacou que já protocolou pedido para criação da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial com o objetivo de aprofundar o debate e buscar soluções para o assunto.

O deputado Lucas Polese (PL) reforçou que saúde mental é um “tema fundamental de ser debatido” e que há “policial morrendo mais de depressão, suicídio, do que na guerra ao tráfico. É seríssimo”.

Já Iriny Lopes (PT) apontou que as condições de trabalho dos agentes de segurança precisam melhorar, mas que é preciso também uma mudança social ampla: “Temos visto um nível de naturalização das condições ruins de trabalho e a naturalização equivocada de onde é o ponto focal da guerra, que é contra a fome, a miséria, a exclusão. Isso trará uma redução da violência.”

Também estiveram presentes na reunião o deputado João Coser (PT); o major PM Clóvis Marvella, representante da Diretoria de Saúde do Hospital da Polícia Militar (HPM); o diretor adjunto de Recursos Humanos do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Ferrari; o capitão PM Stein; e a coordenadora nacional do Movimento Policiais Antifascismo e escrivã aposentada, Maria Helena Vasconcelos.