Por Nerleo Caus – A Reforma Tributária, que já se apresenta no horizonte do País, é um duro golpe na economia do Espírito Santo. Entre os tópicos da PEC prejudiciais aos capixabas, está a criação do novo imposto sobre o consumo, o Imposto Sobre os Bens e Serviços (IBS), que terá a tributação no destino. Considerando que o Espírito Santo é só o 15º no ranking de população entre os estados e, assim, tem um potencial de consumo baixo, além de um território pequeno, a conclusão é uma só: o turismo se tornou a opção compulsória para a nossa economia.

Diferente de outras unidades da Federação, não temos grandes áreas, por exemplo, para o desenvolvimento do agronegócio em escala, um setor muito contemplado com a Reforma, que agora tramita no Senado Federal, e a nossa indústria tem baixa participação nacional. Diante do cenário de incertezas e perdas que se apresenta ao Espírito Santo, a única alternativa é fortalecer o nosso turismo. É muito mais que uma questão de arrecadação, e, sim, de sobrevivência existencial econômica.

Venho defendendo há algum tempo, por exemplo, a necessidade de o Espírito Santo ter um Centro de Convenções multifuncional, para a realização de eventos, feiras e congressos de grande porte. Eu gosto de lembrar sempre que hoje no estado, o turismo de lazer domina 60%, enquanto o turismo corporativo aproximadamente 25%, e outros 10%. Porém, apenas 3% do turismo no ES advém da área de eventos. Esses números evidenciam que estamos muito aquém da nossa real capacidade. Vide o exemplo de São Paulo, onde a cada 9 minutos inicia-se um evento.

Nerleo Caus é presidente da ABIH-ES (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo). É empresário e já foi Secretário de Estado de Turismo

Um outro ponto que pesa contra nós é a falta de um calendário plural de eventos, o que nos garantiria previsibilidade e planejamento. Já temos uma série de eventos anuais que são um convite para conhecer o estado, entre eles a Vitória Stone Fair, as Dez Milhas Garoto, os Passos de Anchieta, a Festa da Penha e agora o Vital, que voltou com força total, mas podemos bem mais. Eventos, feiras e congressos impulsionam setores da economia como comércio, hotelaria, transporte e gastronomia. A concessão do Pavilhão de Carapina, sem dúvidas, é um avanço, mas só um espaço multifuncional nos faria subir de patamar.

Um outro ponto muito importante para alavancarmos o setor de turismo em nosso estado é garantir uma base tecnológica para os estabelecimentos, entre eles hotéis, pousadas e restaurantes. Um restaurante na zonal rural do Alegre, por exemplo, precisa de internet para mostrar o quanto seu produto é delicioso. Cito como um bom exemplo da base tecnológica como um fator de desenvolvimento do turismo as cidades do interior de países europeus que recebem um grande número de turistas.

Um fato que merece destaque é que o Espírito Santo está à frente das discussões de projetos de Leis e propostas para a hotelaria brasileira. Por iniciativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES), o Congresso Nacional criou a Frente Parlamentar Mista da Hotelaria Brasileira, que tem o deputado federal capixaba Gilson Daniel como Presidente.

A Frente Parlamentar é importante não só por debater os assuntos referentes à hotelaria no País, mas também por colocar o Espírito Santo em evidência, já que foi uma iniciativa capixaba. O turismo é a chave para o futuro do Estado, e não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar mais tempo.