Recentes incidentes envolvendo ataques de cães de porte grande a animais menores na Grande Vitória têm levantado questões cruciais sobre a responsabilidade dos tutores e os desafios associados a esses casos, trazendo à tona a necessidade de explorar os aspectos legais, civis e penais, relacionados a tais eventos, ressaltando a importância da conscientização e adoção de medidas preventivas.

A legislação brasileira estabelece a responsabilidade civil do tutor sobre as ações de seus animais de estimação. O Código Civil, em seu artigo 936, afirma que o detentor de um animal responde pelos danos que este causar, sendo irrelevante a alegação de que não tinha conhecimento ou não poderia evitá-los. Nesse contexto, tutores de cães de porte grande podem ser responsabilizados por ataques a animais menores, sujeitos a indenizações por danos materiais e morais.

A legislação brasileira estabelece a responsabilidade civil do tutor sobre as ações de seus animais de estimação.

Em casos mais severos, onde os ataques resultam em lesões graves ou morte do animal menor, as autoridades podem considerar medidas penais. O artigo 32, da Lei 9.605/1998, classifica como crime praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais. Portanto, tutores negligentes podem ser processados criminalmente, enfrentando penas que variam de reclusão, multa e proibição da guarda.

Além das leis federais, é fundamental considerar regulamentações municipais e estaduais. Em Guarapari, por exemplo, há a Lei nº 3.804/2014, que dispõe sobre a posse responsável de animais, prevendo diversas responsabilidades, incluindo obrigatoriedade para a utilização de guias em áreas públicas e focinheiras para animais que podem trazer algum risco bem como a responsabilidade da guarda responsável, evitando fuga e agressão a pessoas ou outros animais. A falta de cumprimento dessas normas pode resultar em sanções adicionais.

A prevenção é a chave para evitar esses incidentes. Tutores de cães de porte grande devem estar cientes das obrigações legais e adotar medidas preventivas, como o uso de guias e focinheiras. Além disso, é crucial investir em treinamento adequado para os animais, promovendo um convívio seguro todos os membros da sociedade.

Delcemar Mattos é advogado, sócio do escritório FBCLS Sociedade de Advogados. Servidor Público efetivo da Câmara Municipal de Guarapari desde 2008. E Cursa o último período de Letras-Português.