Há 45 dias uma família de São Roque, no interior de São Paulo, deu início a uma grande aventura. Trocaram a casa de alvenaria por uma sobre rodas, um motorhome, para viajar pelo mundo.

O casal, o palestrante Rodrigo Nunes, de 37 anos, e a técnica em laboratório Andréia Razze, de 40 anos, tem três filhos.  O adolescente Lucas, de 17 anos, e as meninas Mariane e Laura, de sete e cinco anos. Eles batizaram o projeto de “Mundo em Família”,  iniciaram a viagem pelo litoral brasileiro e essa semana estão em Guarapari.

A família está viajando há 45 dias pelo litoral brasileiro, mas a viagem pelo mundo deve durar cinco anos. Foto: Rafaela Patrício

“Neste período conhecemos poucas praias. Cabo frio é lindo demais. Itaipava, em Petrópolis, também é encantador. Em Guarapari só conhecemos a praia de Setiba ainda. Fomos muito bem recebidos aqui”, conta Andréia.

Rodrigo, que já se considera um viajante profissional, contou que conheceu  as Américas Central e do Norte a bordo de uma moto e desde então vinha alimentando o sonho de viajar pelo resto do mundo. “Desde novo, com 14 anos, era de bicicleta que eu viaja de uma cidade para outra. Aos 18 anos, quando tirei carteira, viajava com a moto do meu avô. Com 25 anos, fiz a primeira viagem de moto por toda América Latina. Aos 27 anos, montei um novo projeto pela América do Norte, e dessa vez levei esposa junto”, lembra Rodrigo.

Ao contrário do marido, Andréia disse que foi criada para viver uma vida tradicional. “O Rodrigo sempre foi bem viajante. Mas eu sempre fui técnica de laboratório e ralava muito nos plantões. Foram 18 anos dentro de laboratórios. Nasci em uma família tradicional, onde fui orientada a trabalhar e ter como sobrenome hora extra. Meu pai até hoje, aos 65 anos, é um cara que trabalha”, relata ela.

Andréia conto que foi difícil trocar a casa de alvenaria pelo motorhome, mas hoje já está acostumada e ele é muito confortável. Foto: Rafaela Patrício

Após avaliar o estresse da vida corrida, Andréia disse que resolveu embarcar na viagem. “O que adianta trabalhar tanto e não ter vida? “O que se leva dessa vida é a vida que se leva”. Então não adianta ganhar tanto dinheiro e ter que deixar seus filhos com a sogra para trabalhar e ver todo mundo estressado de tanto trabalhar e ainda não ter tempo de curtir a família”, completa.

Depois da decisão de Andréia, eles venderam a casa onde moravam e compraram o motorhome para dar início a expedição que deve durar pelo menos cinco anos. “Seguiremos pelo litoral brasileiro até São Luiz do Maranhão, depois desceremos pelo centro do Brasil, passando por Mato Grosso. Vamos cruzar o Brasil, sair pela Patagônia, na Argentina, e começaremos a subir para o Chile, Alaska, Miami, Europa, Ásia e África. Acreditamos que serão no mínimo 5 anos”, conta Rodrigo.

Andréia contou que apesar da mudança radical de ambiente, a viagem tem lhe proporcionado ver que as pessoas ainda são solidárias. “Eu estou adorando. Essa oportunidade de conhecer pessoas é incrível demais. Às vezes a gente nem entende porque as pessoas fazem tanto pela gente sem nem nos conhecer. Na estrada as pessoas são bem mais solidárias”.

Durante a viagem Andréia dá aulas para os filhos e eles fazem provas pela internet. Foto: Rafaela Patrício

A mãe disse ainda que agora pode aproveitar melhor os filhos. “Aqui em Guarapari, minha filha já deu comida para o macaco, hoje deram comida para os patos. Agora eu saio com meu filho, coisa que eu não fazia na adolescência dele porque eu trabalhava e ele só ficava no computador ou na internet. E hoje a gente sai para sentar na praça para conversar, conhecemos o mercado e tudo. É muito bom”.

Segundo ela, mesmo durante a viagem os filhos continuam estudando e fazem provas pela internet.”Eles continuam matriculados na escola onde já estavam. É uma responsabilidade maior para mim, que tenho que ensiná-los. O Lucas termina o ensino médio no final desse ano. A ideia é que ele aprenda uns 34 idiomas durante esses 5 anos”.

Livro. A viagem é custeada pela venda do livro “Fique Rico Viajando”, de autoria do próprio Rodrigo. No livro, o palestrante conta entre muitas aventuras, que já foi sequestrado por índios, roubado, ficou detido por três dias no porto internacional de cargas porque pegou carona em um barco de contrabando sem saber e chegou a pegar carona em um avião na Colômbia para chegar até o Panamá com a moto. Além desse livro impresso, Rodrigo tem outros dois livros digitais e Andréia está escrevendo um livro contando o dia a dia da viagem dentro do Motorhome. 

A família se mantém com as vendas do livro “Fique Rico Viajando”, de autoria do Rodrigo. Foto: Rafaela Patrício

Palestras. Pelas cidades onde passam, o autor busca locais para dar palestras sobre a sua vida, as viagens que já fez e como é possível realizar os sonhos apenas com os esforços diários. “Vendemos os livros nas palestras e motivamos as pessoas a acreditarem nos seus sonhos porque todos tem. O jovem precisa ter porque às vezes não tem e os adultos  tem, mas não acreditam no sonho. Também mostramos um pouco do nosso dia a dia”, conta Rodrigo.

A família cobra um quilo de alimento não perecível para  quem quer assistir as palestras. Antes de ir embora da cidade, eles escolhem algumas intuições de caridade para a doação dos alimentos recolhidos. 

Eles também realizam palestras gratuitas em escolas públicas. Rodrigo contou que já está programando uma palestra com a Secretaria de Educação.  “Eu e ela também viemos de escola pública então a gente quer mostrar que o sonho está perto de todos. Eu conto nas palestras que quando eu tinha 23 anos consegui comprar um apartamento de frente para o mar sem um real do meu pai. Com o dinheiro que ganhei com a bicicleta, como  atleta”.

Andréia também deixou uma mensagem para que as pessoas busquem a realização dos seus sonhos. “As pessoas falam que somos muito corajosos. Nós não somos corajosos. Temos medo também e o medo faz parte. Então vamos com medo mesmo. Qualquer um pode fazer isso. O importante é realizar o sonho. Se você tem um sonho, ele tem que ser realizado. Saía de trás do medo porque tirando ele só sobra você então enfrente”, finalizou.

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