O estacionamento rotativo foi suspenso em Guarapari, mas os problemas envolvendo a VGN não. Dois meses depois da suspensão do sistema na cidade, os funcionários da empresa permanecem com seus salários atrasados e afirmam que vão acionar o Ministério Público denunciando essas irregularidades.

Os funcionários estão sem com salários atrasados desde fevereiro de 2018.

Um funcionário, que não será identificado nessa matéria por medo de represálias, conta que a última vez em foi efetuado o pagamento de R$ 1056,00, foi decidido “na sorte” quais dos 28 colaboradores que receberiam a remuneração.

“Em fevereiro eles colocaram o nome do pessoal na sacola e fizeram um sorteio e só receberam aqueles que foram contemplados. Eu fui um dos sorteados e estou desde março sem receber, mas muitos colegas estão desde dezembro”, afirma.

O homem conta das dificuldades que os agentes do rotativo estão passando. “Não tínhamos insalubridade, periculosidade, éramos ameaçados, teve colega que já foi atropelado em serviço. Ticket alimentação não recebo desde o ano passado. Hoje tem colegas que estão passando fome, não tem mesmo de onde tirar. Um foi até despejado e teve que voltar para cidade dele por não ter como pagar o aluguel”, diz.

Uma outra funcionária, que também não terá o nome revelado, diz que só está conseguindo alimentar o filho pequeno com ajuda de familiares. “Tenho um bebê, meu marido está desempregado e eu nesta situação, estou contando com minha sogra para comprar o leite do meu filho, se não fosse esse apoio dela eu não ia saber o que fazer”, lamenta.

A funcionário mostra o extrato do seu FGTS com o valor de R$89,00.

FGTS. Ela, que trabalhou na VGN por dois anos e ia recorrer ao seu FGTS, descobriu que em sua conta só há um depósito. “Fui agora caixa para ver quanto eu tinha de FGTS e descobri que nesse tempo todo de trabalho só tem um deposito de R$89,00. Vou ter que acionar a justiça para conseguir receber isso. Nem seguro desemprego tenho como pegar, porque não deram baixa na minha carteira e não foi depositado o valor do FGTS, nem outro emprego consigo arrumar porque ainda estou vinculada a empresa. É um absurdo passarmos por essa situação, principalmente porque a gente via o dinheiro entrar”, fala.

Acusações. O funcionário conta que além disso, os colaboradores da empresa eram constantemente acusados de roubo.  “Era uma situação muito constrangedora. Éramos sempre acusados de roubar a arrecadação do dia. Quando alguém comia de marmita ou lanchava na padaria eles falavam que estava roubando, porque estávamos com salários atrasados e questionavam como estávamos comendo fora”, comenta.

Os funcionários afirmam que vão acionar o Ministério Público. “Precisamos receber pelo que trabalhamos, e vamos citar também a prefeitura que é corresponsável porque o rotativo é um serviço que a empresa prestava serviço a ela”, afirma o funcionário.

O Portal 27 procurou a VGN, que admitiu os salários atrasados e o sorteio para realizar alguns pagamentos. “A arrecadação da empresa estava baixa, por causa da prefeitura não tínhamos poder de multa e muitos motoristas não pagavam. O sorteio foi uma ideia dos próprios funcionários para que fosse pago parte deles, já que a empresa não possuía o valor total dos proventos”, alega o supervisor da VGN, Wever de Almeida.

Sobre a previsão de uma data em que a VGN vai acertar os salários dos seus colaboradores e o depósito do FGTS, Wever disse que não estar a par da situação, até porque ele é um dos funcionários que ainda não recebeu.

Sobre a acusar os agentes de roubo, o supervisor da VGN, fala que a empresa registrou boletim de ocorrência contra todos aqueles que foram apontados. “Realmente houve casos de desvio da arrecadação do sistema rotativo. Mas todos que foram acusados foi registrados um boletim de ocorrência”, diz Wever.

O Portal 27 buscou também a prefeitura, que a través de nota, afirmou que “O município tem conhecimento da inadimplência das verbas trabalhistas dos funcionários da Empresa Vista Group Network, o que levou a Secretaria de Postura e Trânsito expedir várias notificações face à empresa. Inclusive, referidas notificações, juntamente com outras decorrentes de outros motivos, subsidiaram ação judicial que se encontra em trâmite para a rescisão do contrato de concessão”, informou a Prefeitura.