Em 24 de março de 2003, o juiz Alexandre Martins foi assassinado, em Itapuã, Vila Velha. Ele tinha acabado de estacionar o carro por volta das 8h e, antes de entrar na academia, foi assassinado com três tiros no meio da rua. A morte de Alexandre causou comoção no estado e teve repercussão em todo o país. Segundo a investigação, o juiz foi morto devido a sua atuação marcante contra o crime organizado no Espírito Santo.

Segundo a investigação, o juiz foi morto devido a sua atuação marcante contra o crime organizado no Espírito Santo.

Alexandre Martins atuou em várias comarcas e denunciou um esquema de vendas de sentenças que permitiu presos saírem da prisão, irregularmente, para cometer crimes. O juiz ainda integrou a missão especial de combate ao crime organizado e à corrupção no Espírito Santo.

Investigações. A apuração do crime teve início no mesmo dia da morte do juiz. Os executores e os intermediários do crime foram identificados e presos rapidamente.

Além de confessar o crime, o executor contou à polícia que foi contratado para matar o juiz. O principal suspeito de ser o mandante era o coronel Walter Gomes Ferreira. Uma das suspeitas do envolvimento dele na época teve relação com sua transferência para presídio do Acre, feita por decisão de Alexandre.

A Secretaria de Segurança do estado, já durante o início das investigações, afirmava que os indícios do envolvimento do coronel no assassinato do juiz eram fortes e apontava o juiz Antônio Leopoldo Teixeira como suspeito de encomendar a morte de Alexandre Martins. 

Condenações. Dez pessoas foram acusadas de participar do crime, e nove delas foram julgadas:

Odecir Martins da Silva Júnior (Lombrigão) e Giliarde Ferreira de Souza foram apontados como os executores do crime. Odecir foi condenado em 2004 a 25 anos e 8 meses por homicídio, furto e formação de quadrilha. A pena dele progrediu para o regime aberto em agosto de 2019. Giliarde foi condenado a 25 anos e 8 meses de prisão. A pena progrediu para o regime aberto em dezembro de 2010. 

Os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva, além de Fernandes Reis (Fernando Cabeção), André Luiz Tavares (Yoxito) e Leandro Celestino dos Santos (Pardal), foram condenados por intermediarem o crime. 

Yoxito foi condenado em 2005 a 8 anos e 4 meses. A pena progrediu para o regime aberto em outubro de 2007. Leandro foi condenado em 2005 a 15 anos e 2 meses, e sua pena progrediu para o regime aberto em outubro de 2010.

Heber Valêncio, ex-sargento da PM, foi condenado em 2005 a 20 anos e 3 meses. A pena progrediu para o regime aberto em setembro de 2009. O ex-sargento Ranilson Alves da Silva foi condenado em 2005 a 15 anos, e a pena progrediu para o regime aberto em maio de 2008. 

Fernandes Reis foi condenado a 23 anos de prisão em 2005. Ele estava em liberdade, mas foi assassinado a tiros dentro de um veículo, em Itapuã, Vila Velha, em junho de 2020.

Mandantes. Dos três apontados como mandantes, apenas o coronel da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira foi condenado em 2015 a 23 anos por homicídio e formação de quadrilha. 

O coronel da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira foi condenado em 2015 a 23 anos.

Cláudio Luiz Andrade Batista (Calu), denunciado por suspeita de participação no grupo responsável pelo assassinato, foi absolvido em agosto de 2015. 

Mesmo 20 anos após o crime, o juiz Antônio Leopoldo Teixeira não foi julgado.

Mesmo 20 anos após o crime, o juiz Antônio Leopoldo Teixeira não foi julgado. O julgamento chegou a ser marcado três vezes em 2021, mas foi adiado por tempo indeterminado. O crime prescreve em 2027, quando o juiz completa 70 anos.

“O que toda sociedade capixaba espera é que acabe o julgamento, seja para condená-lo ou absolvê-lo. O processo tem que acabar”, afirma o juiz Carlos Eduardo Lemos.

Sobre a vítima. Alexandre Martins de Castro Filho, nasceu no Rio de Janeiro, mas construiu carreira como Juiz Criminalista no Espírito Santo. Alexandre estava em evidência, integrava a força tarefa de combate ao crime organizado do Espírito Santo. Trabalho que ele também dividia com o juiz Carlos Eduardo Lemos.