A maior tragédia ambiental do Brasil – que completa dois anos neste domingo, 5 – deixou, no rastro do mar de lama que se espalhou por 650 quilômetros entre Minas Gerais e Espírito Santo, 19 mortos, a localidade de Bento Rodrigues (em Mariana) submersa, as de Paracatu de Baixo (também em Mariana) e Gesteira (em Barra Longa) destruídas e perdas imateriais que continuam doendo em seus moradores.
Desde então, as festas religiosas, as partidas de futebol descomprometidas, o bate-papo com os vizinhos e o trabalho na roça se esvaíram.
As cerca de 300 famílias desalojadas pela lama que se alastrou com o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, vivem agora na área urbana da Mariana, apartadas umas das outras, e enfrentam a hostilidade de muitos moradores da cidade (que ganharam novos vizinhos de uma hora para outra) e seus próprios demônios. A cena mais marcante é o distrito de Bento Rodrigues: uma localidade fantasma, com escombros e lama. Dos 19 mortos, 14 eram trabalhadores e 5, moradores locais.
Após dois anos da tragédia de Mariana, em Minas Gerais, atingidos e autoridades denunciam a demora na reconstrução das casas. Em coletiva de imprensa neste sábado (4), a Comissão de Atingidos da Barragem de Fundão e promotores do Ministério Público de Minas Gerais criticaram o projeto de reassentamento feito pela Fundação Renova, financiada pela empresa Samarco. Segundo eles, a proposta da companhia prevê a reconstrução dos imóveis em área de risco.
Na última quarta-feira, o Ministério Público entrou com uma nova ação para garantir o reassentamento e a participação dos atingidos nos projetos. Segundo o promotor do Ministério Público, Guilherme Meneghin, a empresa quer impor um modelo de casa e a reconstrução em áreas de risco.
“Eles querem impor modelo de casa, impor reconstrução em área de risco. Respeite a participação das vítimas. A nova ação é para regular e garantir o reassentamento e a participação das vítimas”, disse o promotor.
A Comissão de Atingidos defende que a população tem direito de ser reassentada em um local seguro. Desde 2015, o Ministério Público estadual já protocolou 19 ações na Justiça, sendo 17 ações civis e 2 criminais. Além disso, órgãos federais avaliam e acompanham o impacto da lama nos animais da região.
Em nota, a Fundação Renova, instituição responsável pela reconstrução e financiada pela Samarco, informou que nas cidades de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e em Barra Longa, onde vivia a comunidade de Gesteira, os terrenos e projetos urbanísticos foram apresentados às populações e aprovados pela maioria.
Em Bento Rodrigues, no entanto, a Renova disse que o projeto passou por ajustes a pedido dos órgãos reguladores. Então, duas alternativas de ocupação serão apresentadas para a comunidade. Ainda segundo a instituição, a entrega das residências e dos equipamentos públicos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira está prevista para o primeiro semestre de 2019.
Fonte: Veja e Danyele Soares – Repórter do Radiojornalismo
Edição: Fernando Fraga
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-11/atingidos-da-barragem-de-fundao-criticam-projeto-de-reassentamento-da-renova