A maior tragédia ambiental do Brasil – que completa dois anos neste domingo, 5 – deixou, no rastro do mar de lama que se espalhou por 650 quilômetros entre Minas Gerais e Espírito Santo, 19 mortos, a localidade de Bento Rodrigues (em Mariana) submersa, as de Paracatu de Baixo (também em Mariana) e Gesteira (em Barra Longa) destruídas e perdas imateriais que continuam doendo em seus moradores.

Desde então, as festas religiosas, as partidas de futebol descomprometidas, o bate-papo com os vizinhos e o trabalho na roça se esvaíram.

deixou, no rastro do mar de lama que se espalhou por 650 quilômetros entre Minas Gerais e Espírito Santo.Foto: Christophe Simon

As cerca de 300 famílias desalojadas pela lama que se alastrou com o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, vivem agora na área urbana da Mariana, apartadas umas das outras, e enfrentam a hostilidade de muitos moradores da cidade (que ganharam novos vizinhos de uma hora para outra) e seus próprios demônios. A cena mais marcante é o distrito de Bento Rodrigues: uma localidade fantasma, com escombros e lama. Dos 19 mortos, 14 eram trabalhadores e 5, moradores locais.

Após dois anos da tragédia de Mariana, em Minas Gerais, atingidos e autoridades denunciam a demora na reconstrução das casas. Em coletiva de imprensa neste sábado (4), a Comissão de Atingidos da Barragem de Fundão e promotores do Ministério Público de Minas Gerais criticaram o projeto de reassentamento feito pela Fundação Renova, financiada pela empresa Samarco. Segundo eles, a proposta da companhia prevê a reconstrução dos imóveis em área de risco.

O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, causou uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais.

Na última quarta-feira, o Ministério Público entrou com uma nova ação para garantir o reassentamento e a participação dos atingidos nos projetos. Segundo o promotor do Ministério Público, Guilherme Meneghin, a empresa quer impor um modelo de casa e a reconstrução em áreas de risco.

“Eles querem impor modelo de casa, impor reconstrução em área de risco. Respeite a participação das vítimas. A nova ação é para regular e garantir o reassentamento e a participação das vítimas”, disse o promotor.

A Comissão de Atingidos defende que a população tem direito de ser reassentada em um local seguro. Desde 2015, o Ministério Público estadual já protocolou 19 ações na Justiça, sendo 17 ações civis e 2 criminais. Além disso, órgãos federais avaliam e acompanham o impacto da lama nos animais da região.

Em nota, a Fundação Renova, instituição responsável pela reconstrução e financiada pela Samarco, informou que nas cidades de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e em Barra Longa, onde vivia a comunidade de Gesteira, os terrenos e projetos urbanísticos foram apresentados às populações e aprovados pela maioria.

Em Bento Rodrigues, no entanto, a Renova disse que o projeto passou por ajustes a pedido dos órgãos reguladores. Então, duas alternativas de ocupação serão apresentadas para a comunidade. Ainda segundo a instituição, a entrega das residências e dos equipamentos públicos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira está prevista para o primeiro semestre de 2019.

Fonte: Veja e Danyele Soares – Repórter do Radiojornalismo
Edição: Fernando Fraga
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-11/atingidos-da-barragem-de-fundao-criticam-projeto-de-reassentamento-da-renova

 

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