Aos 61 anos de idade, o médico Rogério Zanon comemora seus 38 anos de profissão. Especialista em anestesiologia, Zanon participou da inauguração de vários hospitais, e foi responsável pela primeira cirurgia da cidade de Piúma, em 1983. 
 
Desde a formação como médico, a palavra férias nunca fez parte de seu vocabulário.

Nascido em Guarapari, o médico deixou a cidade para os estudos e seus primeiros anos de trabalho foram na capital, em Vitória. Durante oito anos, atuou como anestesiologista no antigo Hospital São José, hoje Hospital Central, durante quatro anos no Hospital Infantil Nossa Senhora da Vitória, inaugurou o primeiro centro cirúrgico, fez a primeira anestesia na antiga clínica de cirurgia plástica Dr. Ailton Cerqueira. 

Desde a formação, a palavra férias nunca fez parte de seu vocabulário. “Nunca tirei um dia de férias. Nunca disse um dia: estou de férias. Quando você faz a opção de vir a ser médico, é preciso estar muito determinado. Eu não tive juventude. Passei no vestibular em 1977 e como se sabe, o curso de medicina é um curso extremamente puxado, e na minha época era muito mais. Entrava na faculdade sete, oito da manhã e só saia à noite, nove ou dez horas. Ou você estudava, ou você estudava”, conta Dr. Rogério. 
 
Que completa. “É uma vida sacrificada, é uma opção que a pessoa faz. Se o indivíduo não tiver disposição de trabalhar sábado, domingo, natal, ano novo, feriado, final de semana, dia do aniversário, dia do trabalhador, que ele não faça medicina, pelo menos dentro da minha especialidade. Anestesiologia é uma das mais sacrificantes. Se os anestesiologistas pararem de trabalhar, para a medicina, ninguém opera mais”. 
 
Em comemoração ao dia do trabalho, o médico brinca: estou trabalhando para comemorar! Sócio proprietário de um hospital particular da cidade, Dr. Rogério explica que compara o médico anestesiologista ao filme 007, mas ao contrário.
 
“O 007 precisa matar, e o anestesiologista não pode deixar você morrer. Qualquer imprevisto médico você tem aproximadamente três minutos para resolver entre a vida e a morte, que é o tempo que a pessoa consegue ficar sem oxigênio. Se faltar oxigênio e glicose, o paciente morre. O oxigênio é às vezes muito mais nobre, se você entrar em anóxia, não tem a troca gasosa que é feita no pulmão, se não tiver coração e pulmão funcionando juntos, as pessoas morrem”, disse. 
 
Em 38 anos de profissão, mais de 100 mil cirurgias foram realizadas, e um número orgulha o médico: zero óbitos. Com isso, Zanon relata que a cada dia tudo é feito com maior segurança, zelo. E se antes era cauteloso, passou a ser dez vezes mais. 
 
“O anestesista tem que ser perfeito, ele não pode errar e isso faz você ser perfeccionista. Eu já anestesiei minha mãe, minha avó, meu finado avô, meus primos, irmão, minhas três filhas, um monte de primo, cheguei a pegar meu neto com um mês e meio de vida. O que eu usar na minha família eu uso no estranho”, finaliza. 
 
Na Câmara de Vereadores, em Guarapari.

Vida política. Além de médico, Dr. Rogério Zanon disse que decidiu ingressar na política, em busca de contribuir para a construção de uma Guarapari melhor. Teve seu primeiro mandato como vereador 1997 a 2000, e retornou a Câmara de Vereadores em 2017. 

“Decidi me candidatar quando eu vi que precisava fazer uma Guarapari melhor para meus netos. Senti um desrespeito total com o dinheiro público, mau uso do dinheiro público. Precisamos priorizar a prioridade, não inventar moda. Eu sempre fui oposição de posição, o que acho que é certo na minha visão é certo, o que é errado é errado. Acredito que pelo fato de eu ser independente, não preciso ficar participando de nada que não seja realmente bom para a minha cidade”, comenta Zanon.
 
Insatisfeito com o desenvolvimento lento da cidade, o médico não confirma se tem pretensões de se candidatar como prefeito, mas afirma que gostaria de gerir. 
 
“Não sei o que pode acontecer futuramente, a vida dá muitas voltas. Eu teria vontade de gerir a cidade, para o futuro, e tem que ter o momento certo. Talvez eu seria o gestor mais enjoado do mundo, eu ia tocar as coisas como toco a minha empresa. Será que o indivíduo aplica o dinheiro público como ele faz com o dele? Fico vendo atualmente em Guarapari um monte de obra inacabada, fica assinando ordem de serviço e não termina”, enfatiza. 
 
Dupla jornada. Atuar como médico e como vereador é um desafio diário para Rogério Zanon. As quintas-feiras, quando as sessões ordinárias acontecem, o médico começa o dia às 7h da manhã no hospital, de 15h as 17h é um momento dedicado a sessão, volta para o hospital às 17h e só termina o plantão da emergência as 7h da manhã de sexta-feira. 
 
E mesmo com toda contribuição, aposentar não é um pretensão do médico vereador. “Uma palavrinha que não se identifica comigo é a aposentadoria, devo trabalhar até meu último dia de vida. Se eu parar de trabalhar como médico acabou. Isso é uma cachaça. Eu hoje não vivo sem isso aqui”, finaliza se referindo ao seu ambiente de trabalho na emergência. 

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