Na tarde do último domingo a técnica em enfermagem Neide Oliveira da Silva, 54 anos, morreu em decorrência de complicações de uma pneumonia. Mas, de acordo com a família, a morte só aconteceu porque a paciente não recebeu os cuidados necessários na Unidade de Pronto Atendimento (Upa) do bairro Ipiranga, em Guarapari.

Neide deu entrada pela primeira vez na Upa na madrugada do dia 23 de abril. Ela foi diagnosticada com pneumonia, mas liberada pela manhã para se tratar em casa.

Neide Oliveira da Silva deu entrada na Upa com pneumonia e morreu no domingo. Foto: Reprodução
Neide Oliveira da Silva deu entrada na Upa com pneumonia e morreu no domingo. Foto: Reprodução

Mas ela piorou e na madrugada do dia 24 de abril ela retornou para a Upa. Aí começaram os problemas que, de acordo com a família, a levaram à morte. Na manhã do mesmo dia, quando o filho foi visita-la, percebeu que a unidade de soro que haviam colocado nela por volta das 4 horas ainda estava pela metade.

“Ela ficou cerca de cinco horas com o soro sem pingar. O caninho que vi da garrafa até a veia estava cheio de sangue. Além disso ela reclamava de dificuldade para respirar e pedia um balão de oxigênio, mas o médico disse que ela estava ansiosa e não tinha problemas para respirar”, contou Leonardo Mathias, filho de Neide.

“Quando o médico viu a ficha da minha mãe ficou indignado. Ele disse que era um absurdo terem liberado ela naquelas condições. Ela teria que ficar internada. Mas foi o próprio médico que a dispensou no dia anterior”, completou Mathias.

Apesar dos pedidos da família para que Neide fosse transferida para outro lugar, os médicos que a atenderam negaram o pedido. No dia seguinte, 25 de abril, Neide teve uma pequena melhora, mas no domingo pela manhã o quadro piorou.

Depois de muita insistência por parte da família, uma ambulância foi chamada para a transferência, mas enquanto ela era colocada no veículo, sofreu uma parada cardíaca.

“Eles tiraram ela da ambulância e começaram a fazer a fazer massagem cardíaca. Eles fizeram massagem nela por uma hora e meia! O mesmo médico que disse que ela estava bem, veio me dizer que agora o quadro de minha mãe era crítico. Minutos depois ela foi dada como morta”, relembra Viviane Oliveira, 31, filha de Neide.

Família de Neide acusa Upa de negligência. Foto: João Thomazelli/Portal 27
Família de Neide acusa Upa de negligência. Foto: João Thomazelli/Portal 27

A família disse ainda que um dos integrantes da equipe da ambulância começou a discutir com um funcionário da Upa, pois nenhum dele queriam se responsabilizar pela morte da paciente. Um segurança teve que intervir para apaziguar a situação.

“A minha mãe morreu porque eles foram arrogantes ao não ouvirem as queixas de minha mãe e negligentes no atendimento. Várias pessoas que estavam lá viram a forma como ela foi tratada. Temos várias testemunhas”, disse Leonardo.

Na declaração de óbito, foi constatado que Neide morreu em decorrência de edema pulmonar, causado por um infarto agudo no miocárdio.

 

O outro lado

Procurada por nossa reportagem, para esclarecer a situação, a prefeitura de Guarapari enviou nota, através de Secretaria de Comunicação, dizendo o seguinte:

Neide era técnica em enfermagem. Foto: Reprodução
Neide era técnica em enfermagem. Foto: Reprodução

“A paciente … deu entrada na UPA na madrugada do dia 24/04 (sexta-feira) se queixando de dores e com a taxa de glicose muito alta. No prontuário da paciente é relatado que a paciente passou por três médicos, havendo o registro da negativa da paciente em tomar insulina. O quadro foi estabilizado através de tratamento clínico.

Logo no sábado a paciente foi registrada na Central de Vagas (regulado pelo Estado) aguardando liberação de vaga em hospital.

Ao longo de todo o atendimento foram realizados diversos testes de glicose, sempre registrando taxas muito altas. O médico responsável afirmou que ela continuou irredutível em não aceitar insulina.

No domingo a paciente não acordou se sentindo bem e, com a liberação da vaga pela Central de Vagas (Estado) nesta data (só foi liberada no domingo), foi direcionada para o 1º andar da Unidade enquanto aguardava a chegada do SAMU, para realizar sua transferência.

Já dentro da ambulância do SAMU, a paciente teve uma parada cardíaca, sendo novamente alocada na UPA para que fosse estabilizada. A paciente foi reanimada após duas paradas cardíacas, porém, não resistiu à terceira, vindo a óbito.

Vale ressaltar que em nenhum momento houve negligência médica e que foram adotados todos os procedimentos existentes no protocolo de emergência de ressuscitação, conforme prevê conduta médica.

A paciente esteve sempre acompanhada de seu filho, tendo se comportado muito bem e, inclusive, muito elogiado por toda a equipe médica por sua educação, calma e diálogo com funcionários.
Já com o agravo do quadro, outros familiares chegaram à unidade querendo adentar à área onde a paciente estava sendo atendida.
Os familiares foram orientados a aguardarem na recepção entretanto, invadiram a ala de emergência (inclusive, pulando o balcão da recepção). Tendo em vista as complicações médicas na ala de emergência e o desconforto causado nos demais pacientes, foi solicitado apoio à segurança”, finalizou na nota.

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