O João Pedro, de 11 anos, é autista e faz uso de Risperidona, um antipsicótico que controla suas crises neurológicas. Mas, desde abril deste ano, a dona de casa Rogéria Peres Souza, mãe do menino, não consegue pegar o medicamento na farmácia da Unidade de Saúde Dr. Roberto Calmon, no Centro.
A mãe de João Pedro conta que o remédio é essencial para o tratamento do filho. “Sem esse remédio ele surta, tem crises, não consegue nem ir para a escola, não tem como ficar sem ele”, disse Rogéria.
Há cera de um mês, outra mãe de uma criança autista já havia reclamado da falta do medicamento no posto da prefeitura. Por nota, a prefeitura informou que finalizava o processo licitatório e que em semanas o remédio já estaria disponível.
Como não consegue pegar o Risperidona no posto, a dona de casa está desembolsando R$ 160 reais por mês para medicar o filho. Com o pai desempregado, a família tem passado por dificuldades para comprar a medicação de João Pedro. “ O João usa 4 vidros do remédio por mês, que custam 40 reais cada. Ele recebe um benefício, mas não está sendo fácil comprar tudo que ele precisa e ainda ter o gasto com esse remédio, que ele deveria estar recebendo pela prefeitura”, lamenta a mãe.
Além da falta do medicamento, Rogéria ainda se queixa com a falta de pediatra no posto de saúde do bairro Kubitschek. Para conseguir a receita do Risperidona, a mãe do menino precisa recorrer à um neurologista particular, gastando 200 reais por o mês para ter acesso a recita do medicamento. “A pediatra de lá dava a receita do meu filho por já conhecer o histórico dele. Mas o pediatra do posto do Centro não conhece o João, e ele se recusa a receitar o medicamento para o menino. Então eu preciso pagar um neurologista só para conseguir a receita do remédio”, conta a dona de casa.
E completa. “Eu reclamo pelo meu filho, mas com toda dificuldade estamos conseguindo comprar o medicamento. Mas tem muitas pessoas que ficam sem usar os remédios por que não tem no posto. Precisamos de uma solução. A saúde em Guarapari está muito precária”, afirma Rogéria.
Resposta
Pediatra. Segundo o Plano Municipal de Saúde, Kubitschek está incluído no Território Sanitário V, sendo este atendido por Estratégia Saúde da Família – ESF com equipe completa. Esta equipe é composta por médico generalista, enfermeiro, auxiliar/técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde.
A Portaria Nacional Nº 2.488/2011 – Política Nacional de Atenção Básica não prevê especialista em pediatria na composição da equipe das unidades ESF. Nela define-se como médico generalista ou médico da família, aquele que está habilitado e possui capacidade técnica para prestar atendimento a todas as faixas etárias, ou seja, não há falta deste profissional na unidade Kubitschek.
Assim, a criança deve ir à unidade de seu território sanitário para consulta com médico da ESF. Caso seja identificada a necessidade, o paciente será encaminhado ao médico especialista de sua unidade de referência. No caso de Kubitschek, a Unidade de Saúde Roberto Calmon, no Centro.
Medicamentos. Após a assinatura dos contratos com os fornecedores nas últimas semanas, medicamentos e insumos estão chegando ao município de forma gradativa. Foram firmados contratos com aproximadamente 30 fornecedores o que não significa que todos eles entregarão os seus lotes no mesmo dia. Algumas empresas encontram-se dentro do prazo legal para entrega e outras já foram notificadas pelo município para cumprimento dos prazos.
Vale lembrar que a Listagem Remume, Relação Municipal de Medicamentos, é composta por quase 400 medicamentos distintos e a maior parte deles já foi entregue para as unidades de dispensação.
Tão breve o município recebe os medicamentos e insumos na Central de Almoxarifado de Farmácia – CAF, é realizada a conferência da quantidade, lote e validade para lançamento no sistema de estoque e, então, serem distribuídos para as unidades conforme a demanda.