Os guaraparienses saudosistas se encontram em local certo nas redes sociais. O grupo Guarapari Memória tem hoje mais de 4.500 membros e resgata fotos e histórias de momentos clássicos da cidade. Imagens de pessoas e lugares que hoje se modificaram com o tempo, mas que representam muito para a história do município.

O grupo começou com uma brincadeira do Chef de cozinha João Delpupo, 48 anos, postando uma foto de sua irmã quando era baliza no Colégio Polivalente. A partir daí geraram vários comentários e veio a ideia de resgatar o bairrismo em Guarapari.

Foto Crédito Delson Igreja grupo Guarapari Memória
Na página é possível ver fotos de gente que hoje está com 93 anos, como a senhora Maria José Coutinho, que caminha por uma rua de chão batido levando um bebê no carrinho. Foto: Delson Igreja

“Guarapari cresceu muito e hoje a gente já não conhece mais as pessoas. Carecemos de um bairrismo. Precisamos contar a história da nossa cidade, porque aí vem gente de fora, que às vezes nem conhece a história daqui e quer contar. Esse grupo foi formado para que as pessoas daqui pudessem ter esse espaço, postar uma foto e promover esse encontro”.

Hoje já são centenas de fotos postados no grupo, que é fechado mas pode se tornar público. Foi lançada uma enquete entre os membros para saber se eles vão concordar em mudar o tipo de acesso. Mas o administrador, João Delpupo afirma que adiciona quem tiver interesse, é só fazer o pedido.

Na página é possível ver fotos de gente que hoje está com 93 anos, como a senhora Maria José Coutinho, que caminha por uma rua de chão batido levando um bebê no carrinho. O lugar é o Centro de Guarapari, na Praia da Areia Preta. Uma imagem irreconhecível! A foto foi postada por Delson Igreja, e informa que a mulher é a sua avó, a professora e proprietária junto com o avô dele da Pensão e Restaurante do Otávio. A data é 1960.

Foto maracangalha - crédito Benedito Carvalho - Guarapari Memória
“Maracangalha”, desconhecida por muitos. Esse foi o nome dado à um ônibus que transportava as pessoas do Centro de Guarapari à Muquiçaba na década de 50. Foto: Benedito Carvalho

Outra foto interessante é da “maracangalha”, desconhecida por muitos. Esse foi o nome dado à um ônibus que transportava as pessoas do Centro de Guarapari à Muquiçaba na década de 50. Veja o relato de quem fez a postagem Benedito Carvalho: “ … naquele verão de 1956, que Guarapari necessitava de um transporte motorizado quando ainda se utilizava charrete para o transporte de pessoal, para fazer a ligação entre o centro e o bairro de Muquiçaba. Adquiriu uma lotação tipo jardineira, mais parecida com um bonde, e colocou na mão do Sr. Sebastiao de Vieira de Almeida. Caiu como uma luva, foi um tremendo sucesso!” .

O transporte recebeu esse nome devido à marchinha de carnaval da época, a explicação também consta na postagem: “A 20 dias do Carnaval de 1957, começou a despontar um samba do compositor baiano Dorival Caymmi, chamado ” MARACANGALHA ” com uma melodia linda, letra simples e fácil de cantar que foi a campeã do carnaval daquele ano. O folião de Guarapari que não era brincadeira, que não dormia no ponto, e que brincou esse carnaval a valer, batizou o carro de Sebastião de MARACANGALHA e ele herdou esse apelido…”

E quem conhecia a Igrejinha na Prainha de Muquiçaba, em frente ao Hotel Porto do Sol? Na foto de Carla Bigossi, é possível ver a Igreja de São Pedro da Prainha. O terreno, na época foi vendido para dar lugar ao estacionamento do Hotel.

foto Igreja São Pedro Prainha Muquiçaba- Guarapari Memória
Foto da Igreja São Pedro Prainha Muquiçaba . Foto: Carla Bigossi.

“Às vezes as fotos são velhas, borradas, mas o que vale é estar ali. A ideia do grupo não é ter um dono. Quem for membro, pode postar. E importante ressaltar que existe a ferramenta “compartilhar” para que as pessoas dêem crédito, pois se faz uma pesquisa. Se alguém simplesmente “copia e cola” em outro lugar, a referência histórica se perde .”

O grupo também despertou o interesse de veículos de comunicação que fizeram várias matérias com as fotos e informações postadas no grupo. É a modernidade e a história se encontrando no tempo. Ferramentas de redes sociais que resgatam informações do século passado, que se não fosse a internet, poderiam estar hoje empoeiradas em livros, ou registros em bibliotecas, em casas, sendo restritas a poucas pessoas. Provavelmente nem despertariam interesse em jovens e adultos que nem teriam tempo de irem nesses locais, mas que com as redes sociais, se tornam acessíveis. Em um clique, se volta ao tempo, se conhece um lugar hoje transformado pela história.

E João Delpupo ainda está em busca da foto perdida! “Minha família é tradicional de Guarapari. Meu pai tinha uma Mercearia ali no centro, na esquina dos aflitos. Ainda não tenho nenhum registro. Quem tiver, pode postar!!”

Acesso o grupo pelo link https://www.facebook.com/groups/Guaraparimemoria/