este parágrafo começa do jeito que eu sempre quis – com letra minúscula, cheio de liberdade. eu, que já brincava com as pontuações à la saramago, resolvi que daqui para frente estou livre dessas amarras – até porque tenho tara por reticências… elas acompanham o meu fôlego, dá para sentir que evocam a esperança, mesmo nos textos mais sombrios… dá para dizer que não acabou ali, ainda que se escreva sobre um corpo esquartejado… dá para escutar o saudoso nelson rodrigues dizendo: “toda unanimidade é burra”…

Obra LEVEZA – Barcos no Canal – Foto: marcelo Moryan

não que eu me ache o rei da cocada preta, o dono do samurá evocado por bezerra da silva… não… não é nada disso não… aliás nem cocada branca sou… quero apenas que meus escritos sejam rascunhos – não quero nada acabado, com ponto final – sem reticências fico com falta de ar, nem freud saberia explicar… talvez frodo bolseiro conseguisse… porque a minha mente é um cenário de alta fantasia como o senhor dos anéis…

… e quando o parágrafo começa com reticências? ahhhh, parece um orgasmo à beira de um precipício, você se sente mais vivo, sente que não pode perder mais nenhum momento pontuando corretamente suas bobagens…

tá decidido, não usarei mais nada maiúsculo, afinal meu mundo é minúsculo… até deus há de se contentar com esta decisão – ou isso ou…. ou o inferno de dante… afinal, que juízo tem alguém que consegue ler 14.223 versos só para viajar pelo inferno, purgatório e paraíso? juízo nenhum né? se ao menos fosse para ganhar o melhor  pé de moleque do mundo, lá de piranguinho, minas gerais – meu estado natal, uai…

se você chegou até aqui, deve estar imaginando como todos os parágrafos acima vão se misturar e fazer sentido… ou ainda, se a crônica vai ter algum desfecho como nos romances de dan brown… será que não é exatamente por procuramos lógica em tudo que chegamos a esta merd@ de mundo? estamos mais preocupados com a lógica de agradar aos outros que nem vivemos – morremos de patetice. queria morrer mesmo era de patati patatá, seria um luxo bater as botas sorrindo…

… e por falar em lógica tem um cara que admiro e que por acaso é meu filho – o ryan – que pode até morrer de exageros e de burrice divina, mas não morrerá de patetices – confesso que o acho meio estranho, mas o cara parece não procurar muito sentido em nada, respira uma molécula de oxigênio por vez e vai vivendo a vida com doçura… porque no final de tudo, até de uma crônica sem sentido, o que fica é a doçura com que vamos morrendo durante a vida…

a doçura de ser o que é… não apenas “ser”, mas “viver” o que se “É”… putz, sabia que o diabo iria atentar, uma letra maiúscula bem no fim, afff… mas tudo bem, foi uma despedida…