A médica Milena Gottardi tinha 38 anos quando foi assassinada com um tiro na cabeça, quando saía do hospital onde trabalhava, em Vitória. Tudo aconteceu na noite de 14 de setembro de 2017. Milena foi baleada enquanto ia em direção ao carro, no estacionamento do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam). A médica foi socorrida, mas morreu um dia depois, no hospital. 

Milena Gottardi tinha 38 anos quando foi assassinada com um tiro na cabeça, quando saía do hospital onde trabalhava.

Investigações. A apuração da Polícia Civil descartou a hipótese de um latrocínio. Naquele momento as suspeitas eram de um homicídio com participação de familiares. Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-marido de Milena, o então policial civil Hilário Frasson, teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. 

As investigações apontaram que Hilário teria sido o mandante do crime, com o pai dele, Esperidião Carlos Frasson. Segundo a denúncia realizada pelo Ministério Público, o ex-policial não aceitava o fim do casamento com Milena.

Ao longo da carta, Milena descreveu o comportamento agressivo de Hilário.

Uma carta escrita pela médica, e reconhecida em cartório, relata que o ex-marido disse que “declararia guerra e se mataria”, caso ela se separasse dele. Ao longo da carta, Milena descreveu o comportamento agressivo de Hilário e afirmou que a separação seria a busca pela paz.

Segundo a acusação, pai e filho teriam contratado dois intermediários para encontrar um atirador. O atirador teria encomendado ao cunhado o roubo de uma moto para ser usada no dia do crime.

Julgamento. Ao todo, seis pessoas foram apontadas como participantes do crime, entre mandantes, intermediários e o executor. Todos os envolvidos foram presos pouco mais de um mês após o assassinato. 

O julgamento dos réus começou no dia 23 de agosto de 2021 e durou oito dias, com a participação de sete jurados. As sentenças foram proferidas pelo juiz Marcos Pereira Sanchez.

Sentença. Conforme a sentença, o crime foi planejado e premeditado, com ajuda de terceiros, tendo Hilário como seu idealizador e principal responsável pelo crime, e seu pai um incentivador. Foi praticado com promessa de recompensa e por motivo torpe, pela “não aceitação do fim do casamento com Milena, por acreditar ser um ultraje à família”. A médica foi morta em uma emboscada, o que dificultou a defesa da vítima. 

Hilário Frasson (ex-marido de Milena e mandante do crime) recebeu a pena máxima permitida no Brasil, de 30 anos. Ele foi condenado por homicídio qualificado, feminicídio e fraude processual.

Ex-marido de Milena e mandante do crime.

Esperidião Frasson (ex-sogro de Milena e mandante do crime), assim como o filho, recebeu a pena máxima permitida no Brasil, de 30 anos. Foi condenado pelos crimes de homicídio qualificado, feminicídio e fraude processual. 

Ex-sogro de Milena e mandante do crime.

Dionathas Alves Vieira (executor do crime), recebeu condenação de 28 anos e 8 meses de prisão pelo júri popular, mas, teve o tempo de prisão reduzido em dez anos em decorrência da sua colaboração voluntária com a Justiça, fixando a pena em 18 anos e 8 meses por homicídio qualificado e fraude processual.

Executor do crime.

Valcir da Silva Dias (intermediou a negociação entre mandantes e executor), foi condenado a 26 anos e 10 meses de reclusão, pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual. 

Intermediou a negociação entre mandantes e executor.

Hermenegildo Palauro Filho (intermediou a negociação entre mandantes e executor), recebeu a condenação de 26 anos e 10 meses de reclusão. Condenado por homicídio qualificado e fraude processual.

Intermediou a negociação entre mandantes e executor.

Bruno Broetto (deu apoio, fornecendo a moto usada no dia do crime) recebeu a pena de 10 anos e 5 meses de reclusão. Foi condenado por homicídio simples, com reconhecimento de menor participação no crime. Bruno é o único dos seis condenados que não continua preso. Ele recebeu alvará de soltura em 10 de dezembro de 2021 e cumpre sua pena em regime aberto.

Deu apoio, fornecendo a moto usada no dia do crime

Sobre a vítima. Milena Gottardi era médica oncologista pediátrica e cuidava de crianças em tratamento contra o câncer. Milena teve 2 filhas que, na época do crime, tinham um ano e dez meses e nove anos. Na carta escrita pela médica, ela pediu que, caso lhe acontecesse algo, as filhas do casal ficassem sob os cuidados de Douglas Gottardi, irmão dela e tio das crianças.