O bloco das Misses é o mais antigo de Guarapari. Desde 1970 ele leva alegria para rua no carnaval da cidade. Nele os homens se vestem de mulher e as mulheres se vestem como homens. O presidente do bloco, Matheus Fernandes, de 64 anos, que não perdeu nenhuma das 48 edições do bloco, conta o segredo para o bloco permanecer vivo, mesmo depois de quase 50 carnavais.
“Esse bloco já era tradicional. Meus amigos, que estavam a frente dele, foram ficando mais velhos e eu fui começando a organizar. Na década de 70, as pessoas estranhavam um pouco homens vestidos de mulheres, mas quando passávamos era só aplausos, todos se divertiam muito com a gente. Por muito tempo fomos o único bloco de rua de Guarapari. E a tradição permanece forte, hoje já estou começando a passar o bastão para meus filhos, que vão continuar mantendo esse bloco vivo na cidade”, comenta.
Matheus comenta que o Bloco da Misses já levou mais de mil foliões para avenida, e explica uma das razões para esse bloco ser tão popular. “Esse bloco de rua é muito família. O pai pode levar seus filhos, esposas, todo mundo brincando junto na maior harmonia, não tem brigas, todos se respeitam e criam um clima de amizade muito bonitos de se ver”, ressalta Matheus.
Bloco das Piranhas
Há algum tempo atrás o Bloco das Misses levava o nome de Bloco das Piranhas. Matheus fala que trocou o nome justamente por ser um bloco família. “Antes se chamava bloco das piranhas, mas com o tempo começou a ser muito frequentado pelas esposas, namoradas, filhas dos homens que saiam. E bloco das piranhas nós achávamos que podia ficar meio ofensivo para elas. E como no bloco sempre tinha muitas pessoas fantasiadas de Miss, registramos ele como Bloco das Misses”, diz o presidente do bloco.
Bloco sem fins lucrativos
Fellipe Magnago é filho de Matheus e também vice-presidente do bloco. De seus 34 anos, 20 ele passou o carnaval brincando no Bloco das Misses. Para ele, o bloco tem também um outro motivo para ter se mantido nessas quase 5 décadas na cidade. “A única finalidade do Bloco das Misses é levar alegria. Não temos fins lucrativos. Fazemos ele para que todas as pessoas, de A à Z, possam se divertir no carnaval. Arrecadamos dinheiro, temos o apoio da prefeitura, mas somente para pagar a banda, fazer os bonés, abadá e bolsas que são distribuídos. Não lucramos com nada, a nossa maior recompensa é ver o bloco cheio de alegria”, fala Felipe.
Serviço
Neste ano, o bloco das Misses desfila na avenida Joaquim da Silva Lima, neste sábado (10), e na terça-feira (13), às 20 horas. Mas eles se concentram duas horas antes no Bar do Almir, na Avenida Pedro Ramos, no Bairro Olaria.