Nas terras férteis do Espírito Santo, a produção da cultura do inhame se destaca, gerando novas oportunidades de negócios, além de emprego e renda para as famílias rurais. O Estado é líder nacional na produção da cultura e responsável por 44% da produção de inhame no Brasil. No último ano, estima-se que a produção de inhame no Espírito Santo foi de aproximadamente 98,5 mil toneladas em uma área de 3,3 mil hectares, com produtividade média de 29,7 toneladas por hectare.

Tecnologia. O uso de tecnologias agrícolas avançadas, como sistemas de irrigação eficientes, práticas de manejo integrado de pragas e variedades melhoradas geneticamente têm aumentado a produtividade e a qualidade do inhame capixaba, de acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli.

“O inhame é mais um assunto que dá mérito ao protagonismo do Espírito Santo na produção agrícola. Entre os mais de três mil estabelecimentos rurais que produzem a raiz no Estado, 88% são da agricultura familiar. A produção estadual abastece principalmente o mercado interno, mas também avançamos no comércio exterior. No ano passado, o inhame capixaba chegou a 19 países, sendo Estados Unidos e Reino Unido os principais consumidores”, ressaltou Bergoli.

Cerca de 30 municípios produzem inhame no Espírito Santo.

Produção. Segundo a Gerência de Dados e Análises da Secretaria da Agricultura (Seag), a renda rural gerada com a produção de inhame no ano de 2022 foi de R$ 363,8 milhões (1,5% do Valor Bruto de Produção Agropecuária), no grupo de olericultura, sendo o segundo maior valor gerado depois do tomate (R$ 587 milhões). Naquele mesmo ano, a produção atingiu 107,6 mil toneladas, o maior já registrado no Estado, em uma área de 3,3 mil hectares.

Cerca de 30 municípios produzem inhame no Espírito Santo. Alfredo Chaves lidera com 28,4% da produção estadual, seguido por Laranja da Terra (27,8%) e Marechal Floriano (9,8%). Outros 27 municípios produziram em menor escala. 

Segundo João Medeiros, existencionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em Alfredo Chaves, os trabalhos de extensão rural relacionados ao cultivar do inhame continuam na região. “Realizamos o trabalho de assistência técnica do inhame aqui na região e em todo o estado. Estamos à disposição para atender os produtores. A atividade do inhame no município de Alfredo Chaves envolve cerca de 800 famílias da agricultura familiar”, ressaltou.

Jandir Gratiere é produtor, pesquisador e diretor-executivo da Associação dos Produtores de Inhame, em Alfredo Chaves. Detentor da marca “O Rei do Inhame” ele tem o cultivo da cultura na sua família, transmitido de geração em geração. Foi seu bisavô, Francesco Eugenio Gratiere, que chegou à região em 1983, e encontrou os inhames nativos das Américas. A cultura do inhame localizava-se em brejos. Já o seu avô, Cláudio Gratieri, verificou que a plantação era mais viável em terrenos secos e começou a plantar os inhames em áreas de meia encosta, dando continuidade ao melhoramento do inhame.

De lá para cá, Jandir logo percebeu que era um produto muito fértil e que tinha tendência a melhorar, por isso resolveu investir na produção. “Também sou pesquisador e melhorista do inhame no Brasil. Hoje, por meio desse melhoramento, desenvolvo um dos maiores produtos que a região possui e corresponde a 70% da minha produção. Nós temos o maior banco genético de acesso a inhame do Brasil. O Espírito Santo é referência, não só nacional, mas internacional, na produção de inhame”, relatou.

O território capixaba tem produção de Inhame Chinês; Inhame Branco do Brejo; Inhame Rosa Italiano, entre outros.

Ainda segundo o produtor, o inhame de Alfredo Chaves possui IG. “A Indicação Geográfica foi a forma encontrada para tornar reconhecido o patrimônio mais importante dessa comunidade de Alfredo Chaves. O inhame é um símbolo para a nossa região e o nosso objetivo é agregar valor à agricultura familiar”, ressaltou.

Diversidade. Dentre as variedades de inhame plantadas em território capixaba estão o Inhame Chinês; Inhame Branco do Brejo; Inhame Rosa Italiano. Atualmente, a região também conta com o Inhame São Bento, cultivar de inhame genuinamente capixaba, que apresenta produtividade superior às outras variedades.