Nunca se falou tanto em direitos das mulheres. Nem mesmo nos anos 70, época da “libertação” dos sexos, em todos os sentidos. Há 40 anos atrás, ainda era tímido o movimento que clamava por direitos como o de votar, mais abertura no mercado de trabalho e maior liberdade sexual.

Silvia
Silvia Magna é jornalista e presidente do Solidariedade Mulher de Guarapari.

Hoje, a igualdade de gênero é tema de conferências, livros, campanhas da ONU e, até mesmo, discursos de celebridades. Segundo estudiosos do assunto, vivemos a terceira onda do feminismo. E isso só aconteceu porque a maior potência do mundo, os Estados Unidos colocaram o tema em pauta no início dos anos 90, quando a então primeira dama, Hillary Clinton, transformou a militância em resolução de governo.

A partir dessa ação de Hillary, mulheres de vários países passaram a contar com programas internacionais de monitoramento, resgate e promoção de políticas voltadas para o desenvolvimento feminino.

No Brasil, infelizmente, na maioria avassaladora das vezes, o sistema dissocia os direitos humanos dos direitos das mulheres. Por aqui, a mulher não é vítima apenas da violência física e psicológica. É segregada por um sistema machista, misógina e cruel. Um patriarcado que precisa ser combatido.

NEW YORK, NY - JUNE 10: Former US Secretary of State Hillary Rodham Clinton promotes "Hard Choices" at Barnes & Noble Union Square on June 10, 2014 in New York City. (Photo by John Lamparski/WireImage)
Hillary Clinton, transformou a militância em resolução de governo.

Esse sistema que gera um estado de exclusão e discriminação social da mulher pautado na crença de uma superioridade masculina. No patriarcado as mulheres são vistas como objetos de satisfação sexual dos homens, reprodutoras de herdeiros, reprodutoras de força de trabalho e reprodutoras de novas reprodutoras.

É inegável que a presença feminina em diversas áreas da sociedade cresceu, mas a participação das mulheres em cargos de chefia e na política ainda é muito tímida. Uma prova disso é que a autoridade maior de nosso país é uma mulher e apenas 9, dos 39 ministérios são ocupados por mulheres. Temos apenas 11 mulheres no Senado e em meio a 513 deputados federais, apenas 47 são mulheres! Na bancada do Legislativo Capixaba, das 30 vagas, apenas quatro são ocupadas por mulheres. Há municípios capixabas, onde, simplesmente não há mulheres ocupando uma vaga no Legislativo há décadas; como é o caso de Colatina.

Eleanor
Eleanor Roosvelt disse que ninguém pode nos fazer infelizes sem nosso próprio consentimento.

Eleanor Roosvelt disse que ninguém pode nos fazer infelizes sem nosso próprio consentimento. E é o que estamos permitindo quando nos omitimos de nosso papel na política e na construção social. Permitimos que outros decidam por nós. Deixamos de criar nosso mundo e nos obrigamos a viver em mundos criados pelos homens, com diretrizes elaboradas para se adequarem às suas necessidades e desejos. Não é uma busca por privilégios. É um ajuste de valores.

Imagen Violência contra as Mulheres
Porque a violência, senhores, ela se multiplica em mil meandros e não se reflete apenas na agressão física!

Me pergunto o que essas mulheres esperam para sua velhice? Para o futuro de suas filhas e netas? Vivemos em um estado onde os números sobre as mulheres são alarmantes. O Espírito Santo é o estado brasileiro onde mais se matam mulheres. A incidência do controle absoluto sobre o corpo e sobre a vida da mulher é a maior do Brasil. Mata-se porque se acha dono daquela pessoa. A vida dela deixa de pertencer a si quando passa a ter um companheiro. Vivemos em um estado onde de 40% das famílias são chefiadas por mulheres, que trabalham e SUSTENTAM a casa.

E eu pergunto: Cadê políticas públicas voltadas para nós, senhores vereadores? Onde se escondeu a igualdade de direitos e equiparação de salários no mercado de trabalho? O que foi feito até hoje para proteger a mulher? Botão do pânico e Lei Maria da Penha não bastam, porque a violência, senhores, ela se multiplica em mil meandros e não se reflete apenas na agressão física!

Nós, mulheres representamos 52% dos eleitores brasileiros. Os partidos alegam dificuldades para preencher a cota de 30% das vagas para nós. E a pergunta que sempre ouço é: “Por quê devo participar da política do meu município? Que diferença vou fazer na política?”. Eu sempre respondo: Força, Sensibilidade, atenção, emoção, curiosidade, habilidade e perspicácia, só para citar algumas, deixariam qualquer poder mais fortalecido. É uma pena que a maioria de nós ainda não tenha percebido a falta que fazemos nesse importante segmento. Mas nunca é tarde e é cada vez maior a importância de nos posicionarmos como bandeira política neste momento.

Por Silvia Magna

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