Um estudo divulgado ontem (27), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelou uma tendência com relação aos números do policiamento no Brasil: enquanto as forças policiais estaduais enfrentam um encolhimento em seu efetivo, as Guardas Municipais estão experimentando um crescimento significativo. 

Nos últimos dez anos, o efetivo da Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo nas ruas, sofreu uma queda de 6,8%, passando de 434.524 agentes em 2013 para 404.871 em 2023, de acordo com o “Raio-X das Forças de Segurança Pública do Brasil”.

Quantitativo necessário. Segundo reportagem do UOL, a falta de critérios uniformes para determinar a quantidade necessária de servidores tem sido uma das questões levantadas. O Brasil tem, em média, dois PMs para cada mil habitantes. “Não existe um critério único no Brasil que determine a quantidade necessária de servidores”, explica Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, muitos policiais acabam desempenhando funções além do policiamento ostensivo, o que pode comprometer a eficácia do trabalho final.

No Estado, o número de Policiais Civis passou de 2.526 em 2013 para 2.350 em 2023.

Espírito Santo.  Segundo a pesquisa, as UFs que mais perderam efetivo da PM na última década foram o Distrito Federal (31,5%), Rio Grande do Sul (22,5%), Paraná (19,4%), Santa Catarina (16,9%), Amapá (16%), Minas Gerais (13,7%), Amazonas (10,8%), Goiás (10,7%), São Paulo (8,9%), Tocantins (7,8%), Rondônia (7,2%) e Espírito Santo (7,1%). 

No Estado, o número de Policiais Civis passou de 2.526 em 2013 para 2.350 em 2023, uma redução de 7%. De acordo com o estudo, 26 cidades do Espírito Santo contavam com a Guarda Municipal em 2022.

Guardas municipais. No entanto, enquanto as polícias estaduais enfrentam desafios, as Guardas Municipais estão crescendo. De acordo com o estudo, o Brasil passou de 1.081 cidades com Guardas Municipais em 2014 para 1.467 em 2023, representando um aumento de 35,7%. Esse crescimento sugere uma resposta das cidades à necessidade de reforçar a segurança local diante das limitações das forças policiais estaduais.

Polícia Civil. O estudo aponta para um cenário preocupante na Polícia Civil, responsável pelas investigações para solucionar crimes. O efetivo atual é 36,5% menor do que o previsto, o que significa uma redução de 55.111 agentes em atividade. Essa defasagem tem um impacto direto na resolução dos delitos, prejudicando a capacidade de investigação e solução dos crimes.

O presidente da entidade destaca que essa disparidade entre o crescimento das Guardas Municipais e o encolhimento das forças policiais estaduais pode ter sérias implicações para a segurança pública. “Com a redução de efetivo, a PM faz menos patrulhas nas ruas, aumentando a possibilidade de o crime acontecer. Já as polícias civis estão perdendo a capacidade de concluir as investigações. Isso fortalece discursos de que ‘bandido bom é bandido morto’, aumentando a sensação de impunidade para a população”, afirmou.