Na manhã desta quarta-feira (25), o menino, Flávio Walter de Abreu Dias, de 13 anos faleceu na Unidade de Pronto Atendimento de Guarapari (UPA), enquanto aguardava transferência para um hospital da Grande Vitória. A mãe, Fabíola Walter Pereira Silva, fala que o menino já tinha passado mal mais cedo e estava com suspeita de virose.

“Ele passou o dia com dor de cabeça e começou a vomitar. O pai dele levou ele até a UPA, tomou soro, remédio para dor e foi liberado. Chegou em casa ‘grog’, parecia que de tanto remédio. Dei uma banho nele, sequei o cabelinho dele, coloquei pra dormir. Mas ele ainda estava com dor de cabeça, queria até dormir no escuro, coloquei uma faixa nos olhos dele e dormiu”, conta.

O menino veio a falecer na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

A mãe conta que na madrugada Flávio começou a ter convulsões. “Quando foi de madrugada escutei um barulho muito grande, parece que ele foi vomitar e caiu da cama. Saí correndo ele já estava encostado, perguntei se ele tinha se machucado e ele não conseguiu falar, só colocou a mão na nuca. Logo ele começou a convulsionar, um vizinho me socorreu e corremos para o Hospital Francisco de Assis”, diz.

Sem atendimento. A mãe acusa o hospital de ter negado os primeiros atendimentos ao garoto. “Cheguei lá e o meu vizinho foi pedir socorro. Meu filho ainda estava convulsionando no carro, com o corpo duro. Veio uma enfermeira até o carro e colocou só um aparelho no dedo dele para ver se estava respirando, disse que sim e que pela idade dele ele não ia ser atendido lá. Mandou eu ir para a UPA. Nem entrar dentro do hospital eu entrei, eles negaram socorro ao meu filho, por causa de 20 dias que ele tinha completado 13 anos. Se eles tivessem prestado os primeiros socorros, estabilizado ele, talvez ainda estivesse vivo”, afirma.

Fabíola seguiu para a Unidade de Pronto Atendimento de Guarapari. “Na UPA ele foi internado, a médica não sabia o que ele tinha, ela disse que tinha que esperar até às 7h da manhã para levar ele para algum hospital de Vitória. Eu fiquei com meu filho quatro horas daquele jeito sem ninguém fazer nada”, disse.

Ela fala sobre o estado do menino. “Ele batia sem parar a mão na maca e coçava a cabeça onde parecia que tinha machucado com o tombo. Chamei uma enfermeira e ela disse que era assim mesmo, que seria pior se ele não estivesse se mexendo. Ele não conseguia falar, parece que aquela era a forma dele de chamar atenção e dizer que estava com dor na cabeça”, conta.

Flávio Walter tinha 13 anos. Foto: reprodução do Facebook.

A mãe comenta como foram as complicações que Flávio teve antes de falecer. “Fui para casa procurar a receita do remédio que deram para ele antes para a médica saber qual era. Nisso ele teve duas paradas cardíacas. Quando cheguei ele já estava todo entubado. Depois teve mais umas cinco paradas cardíacas, ele até que resistiu muito, e faleceu às 07h”, afirma.

Para a mãe, se o menino tivesse outro atendimento ele poderia ter sido salvo. “Minha revolta é que fiquei por 4 horas esperando sem fazer nada, a médica não sabia o que ele tinha. Eles podiam transferir ele para o Francisco de Assis, que tem mais estrutura para fazer alguma cirurgia nele. Lá (HFA) eles negaram os primeiros atendimentos à ele. Várias coisas que podiam ter mudado o destino dele e ele ainda estar vivo”, lamenta a mãe.

O Portal 27 procurou a Prefeitura, que responde pela UPA, que afirmou que “A Unidade de Pronto Atendimento de Guarapari (UPA) informa que durante o atendimento na madrugada, foi solicitada pela médica avaliação neurológica para o paciente, porém, o quadro clínico dele não era estável, sendo necessária a estabilização antes da remoção. Durante o atendimento foi aberto chamado para o SAMU, órgão que dispõe de ambulância de alta complexidade, ou seja, suporte avançado de vida (UTI móvel).

Esclarecemos ainda que o HFA realiza atendimentos em crianças de até 12 anos 11 meses e 29 dias. O corpo do paciente foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbitos para verificação da causa da morte. Tendo em vista que tomografia é um exame de alta complexidade e sendo de competência do Estado

HFA. Nós procuramos também a assessoria do Hospital Francisco de Assis, que através de nota, disse que “O Hospital Francisco de Assis informa que em nenhum momento negou atendimento. O paciente, que não chegou a entrar no hospital, encontrava-se estabilizado, mas um pouco sonolento dentro de um veículo. A mãe do paciente foi informada que o HFA só realiza atendimento de crianças de até 12 anos de idade e que ela deveria ser encaminhada até a UPA do município. Mesmo com essa faixa etária de atendimento do hospital, a equipe de enfermagem foi até o carro onde a criança se encontrava, realizou o primeiro atendimento, com medição da pulsação, que naquele momento encontrava-se regular. A direção do hospital ainda diz que vai averiguar com mais detalhes os fatos, com o plantão que realizou atendimento nesta madrugada, e se coloca à disposição para mais esclarecimentos amanhã, quinta-feira (26)“, afirma o HFA.

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