Segundo a fundadora do projeto, até o momento já foram recicladas mais de 1 mil tampinhas de garrafas, castrando dois cães de porte médio.

O projeto social Guaratampinhas começou com a vontade que a fundadora, Alanna Bodart Almeida, tinha de ajudar os animais de rua. Segundo ela, a castração ajuda no controle da população e evita que eles peguem algumas doenças.

A ideia do projeto surgiu pelo exemplo de outros estados e, aproveitando o potencial turístico de Guarapari, que recebe muitos turistas que acabam consumindo muitos produtos com esses materiais, Alanna resolveu tentar realizar uma campanha na cidade, com panfletos mostrando para a população a ideia do projeto.

“A gente viu que outros estados estavam tendo esse projeto de tampinhas que iam pro lixo, como moramos em cidade turística e com várias praias eu segui o exemplo de Salvador e, nesse verão, eu fiz um mutirão e fomos coletar tampinhas na Praia do Morro, fiz uns papéis para divulgar o que era o projeto e divulgamos também na Arena Verão (palco montado na praia)”, comentou Alanna.

Para o projeto funcionar, porém, foi necessário o apoio de diversas pessoas e entidades, no começo, antes da pandemia, o Guaratampinhas contava com pontos de coletas nas escolas, mas foram fechados quando as aulas presenciais foram canceladas.

Alanna, Sonia e Selma, no centro de separação e armazenamento das tampinhas.

“Em fevereiro começou a pandemia e já tínhamos muitas escolas para apoiar o projeto, os professores abraçaram a causa porém as escolas fecharam, então perdemos esse ponto de apoio e o projeto ficou parado, só com poucos pontos de coleta, como o que temos no centro de Guarapari, e em veterinárias e petshops”, disse a fundadora do projeto.
Mesmo com os imprevistos, Alanna não desistiu e conseguiu um apoio importante. Trata-se de Sonia e Selma, mãe e filha, que aceitaram ajudar no projeto.

“A pandemia veio e eu fiquei sem voluntários, eu sozinha separando o material, sem espaço, as vezes conseguia ajuda da família. Aí uma professora que conhecia o projeto me contou sobre a avó dela, que é a Sonia, nós nos conhecemos e começamos a trabalhar juntas, com elas separando comigo”, finalizou Alanna.

Já Sonia, aposentada de 78 anos, comentou também os motivos pelo qual ela aceitou participar do projeto.

“Quando eu vejo esses cãezinhos na rua, todos machucados, dá vontade de ajudar, levar para casa. Então, agora com esse projeto a gente consegue fazer algo, mesmo que seja pouco, para ajudar eles”, disse Sonia.

A filha de Sonia, Selma, comerciante de 53 anos, também comentou sobre o projeto e o que elas fazem para ajudar.

“Nós trabalhamos com a Ascamarg (Associação dos catadores de materiais recicláveis de Guarapari), então já temos um pouco de noção do que fazer, nós separamos as tampinhas dos outros materiais e depois classificamos elas por cores, para que sejam vendidas pela Alanna. Nós recebemos doações de amigos, vizinhos, comércios e também guardamos aqui os materiais, já que a Alanna não tem estrutura física para isso”, declarou Selma.

Alanna e as diversas tampinhas que foram coletadas para o projeto.

Por serem feitas de polipropileno, as tampinhas conseguem ser facilmente recicladas nas indústrias para serem reutilizadas. A venda é feita em cerca de R$0,50 centavos por quilo de material, e, para realizar uma cirurgia de castração, o preço médio fica em cerca de R$350 com clínicas parceiras.

Outro ponto positivo do projeto é que o lixo, que ficaria jogado nas ruas, praias ou lixões, vão para as indústrias e são reciclados, ajudando o meio ambiente.