100 ANOS… EU QUERO SER HILMA SPIER!

 

 

Desde que pela primeira vez na faculdade ao estudar “Filosofia e Estética da Arte”, há 30 anos, li uma carta que Camille Claudel, escultora francesa, havia escrito ao seu amante e mestre Auguste Rodin, meu espírito se identificou por completo com aquela “DOR” que jamais a deixou… era como uma nódoa. A certa altura ela deixa escapar o que todos nós, pobres mortais, sentimos quando tudo aquilo que conquistamos nada significa se não for fruto do amor… Camille escreveu: “HÁ SEMPRE ALGO DE AUSENTE QUE ME ATORMENTA”. Eu não conheço outra história tão intensa, desesperadora, conflitante e surreal como a de Camille e Rodin. Após 30 anos internada em um manicômio, sempre sedada, morreu aos 79 anos…

Onde quero chegar com toda esta história? Bem, quero chegar onde cheguei ontem (07/11/15), ao caminhar na Praia do Morro e avistar uma garota linda que completará 100 anos em março… isso mesmo, 100 anos… para ser mais grandioso 01 século de vida. Quando Camille morreu, Hilma Spier, esta linda garota de 100 anos, moradora de Estância Velha – RS, estava para completar 27 anos. Qual a ligação entre as duas? O AMOR… O AMOR… O AMOR… que em sua completa “AUSÊNCIA” roubou de Camille sua felicidade, mas que em sua “MAGNÍFICA PRESENÇA” faz Hilma ser FELIZ e cercada de carinho por todos os lados.

Ao avistar Hilma não me contive, aproximei-me e a abordei através de sua filha Rejani que elegantemente fazia companhia à mãe, apreciando aquela paisagem ímpar. Do primeiro ao último olhar daquela garota de 100 anos eu pude sentir a leveza e a pureza transbordando em nossos corações – um sentimento que Camille Claudel jamais pôde provar. Hilma ama a música e muito provavelmente deve ter escutado o reverberar uníssono bíblico de “Coríntios” em “Monte Castelo” na voz de Renato Russo: “Ainda que eu falasse a língua dos homens / E falasse a língua dos anjos / Sem amor eu nada seria”.

A vida é feita de Camilles e Hilmas – qual a diferença entre ambas? Absolutamente, a diferença é como cada uma constrói o amor… O AMOR É UMA CONSTRUÇÃO DIÁRIA, tijolo por tijolo. Hilma não estava ali apreciando aquele marzão feliz por pura consequência do destino e nem eu fui atraído como abelha a sugar o néctar da sua sabedoria por acaso. Simplesmente minha paixão avassaladora por esta linda garota de 100 anos era a lição do que tudo aquilo me ensinava – AMAR CADA PASSO QUE SE DÁ NA VIDA, afinal um passo leva ao outro… a lei de CAUSA E EFEITO é o que nos ampara e nos leva ao encontro da tal FELICIDADE que buscamos diariamente – e pode estar ao alcance de um abraço, um beijo ou simplesmente na solidariedade.

Pelo menos uma vez por mês, aos sábados ou domingos, eu e minha esposa Marcia temos o costume de caminhar do final da Praia do Morro até ao Centro da Cidade (Guarapari – ES)… mas não o fazemos de uma forma “desembestada” (rsrsrsr)… vamos sentindo cada passo, como assim deve ser a vida em todas as dimensões. Foi assim que logo no começo encontrei com uma amiga, a Mariland Nunes, que amo e grudei naquele abraço gostoso… fiz amizades numa peixaria, apreciei cada detalhe da paisagem e ao retornar conheci o Sargento Leal da Capitânia dos Portos, que diga-se de passagem… que educação… quanta gentileza…

Quando amamos cada passo que damos na vida e construímos nosso amor impregnados de detalhes, com a intensidade verdadeira, MUITO ALÉM DE QUALQUER REDE SOCIAL OU AFINS… completar 100 anos cercada de amor e ainda dar a chance, ensinando a mim e a outras tantas Camilles, que o AMOR É UMA JORNADA SEM FIM, então, perdoe-me quem acredita em SORTE – estar ali com aquele olhar lindo e vivo através dos tempos, é sim, muita, mas muita recompensa que Deus proporciona aos JUSTOS…

Apaixonar-me por Hilma fez com que cada vez mais eu tente salvar a minha Camille… a Camille que todos nós temos ao sentir o “ALGO AUSENTE QUE NOS ATORMENTA”.

AMOR I LOVE YOU, HILMA!