No dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. A data foi criada para homenagear as mulheres e é usada por elas para lembrar a importância de lutar por seus direitos e mais espaço na sociedade.
Em Guarapari temos diversos exemplos de mulheres que conquistaram este espaço e lutam para que outras também conquistem. Entre elas está a Edineia da Conceição Oliveira, que é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e membro do concurso Beleza Negra. Ela participa do movimento negro apartidário há 15 anos.
Segundo Edineia, sua família não tem militantes, mas a violência contra a mulher despertou nela o desejo de lutar por melhores condições para as mulheres. Ela afirmou que as negras passam por mais dificuldades.
“Muitos desafios foram vencidos e são poucas conquistas comparadas aos desafios. Ainda que a mulher negra consiga entrar na universidade, vai esbarrar com o racismo. A mulher negra sofre três preconceitos, o de gênero por ser mulher, o racial por ser negra e o social porque na maioria das vezes é pobre”, disse Edineia.
Outra mulher com um importante papel na sociedade é a juíza Ângela Celestino. Ela foi advogada por 16 anos, escrivã judiciária por quatro anos e é magistrada há 18 anos. A juíza ressaltou a importância da igualdade de direitos e contou que o judiciário era um território masculino.
“O judiciário era extremamente masculino e as mulheres começaram a atuar como juízas na década de 80, o que é um ingresso tardio. Mas, a partir do momento da chegada das mulheres ao poder judiciário houve maior sensibilidade, maior emoção aos julgamentos, maior capacidade de força de trabalho porque nos desdobramos em diversas funções. O judiciário só ganhou comigo, com muitas outras e com aquelas que virão”, disse a magistrada.
A delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Francini Moresch Bergamini, é delegada há 12 anos. Ela relatou que quando prestou o concurso para delegada das 50 pessoas nomeadas apenas seis eram mulheres. Como exigi-se que as delegacias das mulheres sejam comandadas por delegadas, foi imposto que elas escolhessem assumir uma DEAM, já que o número de mulheres que prestavam concurso era pequeno.
“Isso mudou. No concurso de 2010 e 2012 foi quase que 50% de mulheres então está havendo uma mudança na mentalidade das pessoas que o cargo não é efetivamente masculino. Hoje tenho o prazer de dizer que sou titular da Delegacia da Mulher por opção, gosto da matéria e tenho perfil par lidar com ela”.
Francini também contou que sofreu preconceitos dos colegas de trabalho no início da carreira porque era mulher, jovem e loira. “Tive preconceito dos meus colegas tanto que fui testada de forma muito mais intensa do que meus colegas do sexo masculino. Houve resistência e dificuldade até porque da questão da hierarquia, mas aos poucos fui rompendo essa dificuldade e mostrei para que o que tinha vindo. Estou na delegacia de Guarapari há seis anos e não tenho nenhuma dificuldade para exercer minha profissão. Aqui nunca fui desrespeitada por um acusado ou colega”, disse a delegada.
A empresária e instagrammer Regina Bretas é dona de uma loja de moda feminina há 14 anos. Há um ano ela passou a ter cerca de 40 mil seguidores no instagram mostrando o dia a dia das mulheres que trabalham fora e cuidam da casa, dos filhos e da aparência.
Ela afirmou que o mercado de trabalho é injusto porque as mulheres mesmo ocupando os mesmo cargos que os homens ainda ganham salários menores. “Nosso maior desafio é ser mulher. O mercado exige que a gente seja competitiva igual os homens e temos que ter a dedicação e a qualificação deles. Só que também temos a segunda jornada que é ser mãe, esposa e dona de casa. Nosso grande desafio é lutar de igual para igual com uma jornada mais puxada. Mas somos muito capazes em relação a isso”, disse Regina.