Diante do agravamento de uma das piores crises hídricas sofrida pelo Espirito Santo, o deputado estadual Edson Magalhães realizou na noite desta terça-feira (20), uma audiência pública na Assembleia Legislativa, para discutir medidas urgentes de enfrentamento da seca no Estado.

Na ocasião, foram discutidas a Implantação urgente de um plano estadual atualizado de recursos hídricos, campanhas permanentes de conscientização sobre a necessidade de se economizar água e ampliação de reservatórios em todo o Estado.

Asembleia
Deputado estadual Edson Magalhães realizou na noite desta terça-feira (20), uma audiência pública na Assembleia Legislativa

O chefe do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), professor Antônio Sérgio Ferreira Mendonça, afirmou que o agravamento do quadro hídrico no Estado se explica, em parte, pela volta do El Niño, fenômeno caracterizado por eventos extremos de seca e calor ou chuva e frio que acontecem periodicamente em todos os continentes.

“O El Niño pode voltar numa escala de dois a sete anos. No caso do Espírito Santo estamos vendo a repetição de algo que ocorreu entre 97 e 98, uma seca extremamente forte que causou muitos prejuízos e deixou todos em estado de alerta”.

IMG_0236
Na ocasião, foram discutidas a Implantação urgente de um plano estadual atualizado de recursos hídricos.

Mendonça cobrou agilidade do governo na implementação de medidas que possam precaver o Estado a curto, médio e longo prazo contra a escassez de água. “Não podemos ficar reféns do momento e apenas anunciar medidas quando a crise já está instalada”.

Ele defendeu investimentos do poder público em pesquisas que possam quantificar as reservas de água que estão guardadas no subterrâneo. “Temos a ideia errônea de que a abundância da água está apenas na superfície. A maior reserva de água está no subsolo. Para buscá-la não é barato, mas precisamos pagar por isso, pois o consumo está exigindo um volume sempre crescente desse produto”.
Reflorestamento

A questão do reflorestamento, do saneamento básico e tratamento de esgoto e de campanhas educativas para que as pessoas deixem de jogar lixo e entulho nos rios dominou grande parte das discussões. “Em nosso sistema de captação chega sofá, pedaços de cama, garrafas pet, chega de tudo. As pessoas precisam ser educadas para não jogarem entulho e lixo nos leitos de água. Caso contrário, política pública nenhuma será eficaz”, advertiu a diretora de Operações Metropolitanas da Cesan, Sandra Sily.

Cachoeira Eng. Reeve, em Matilde - Gabriela Silva (3)
Espírito Santo passa pela maior crise de falta de água dos últimos 60 anos. foto: Cachoeira Eng. Reeve, em Matilde /Gabriela Silva

Ela afirmou que o Espírito Santo passa pela maior crise de falta de água dos últimos 60 anos. “Para terem uma ideia, a captação normal no Rio Jucu varia de 4,2 a 4,5 metros cúbicos por segundo; hoje isso caiu para até 3,2”, citou.

O diretor de Infraestrutura da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Robson Monteiro, reforçou o quadro ao informar que em Santa Maria de Jetibá, um dos municípios onde mais chove no Espírito Santo, choveu apenas 1,9 mililitros em janeiro, menos de 2% do previsto.

Saneamento. O diretor da Cesan, Carlos Fernando Martinelli, disse que em Vitória o esgotamento sanitário já está universalizado, mas muitas residências ainda não se conectaram à rede. Segundo ele, nos outros municípios da Grande Vitória a rede também já está avançada, mas falta a conexão das unidades residenciais. “O governador Paulo Hartung conseguiu empréstimo de R$ 1,3 bilhão e vamos avançar muito em obras de saneamento na Região Metropolitana e no Caparaó”, disse.

O secretário de Estado da Agricultura, Otaciano Neto, falou sobre as medidas governamentais tomadas para o enfrentamento da seca, entre elas as resoluções 5 e 6 da Agerh que priorizam o uso de água para consumo humano e racionam a utilização pela indústria e agropecuária.

“Foi uma medida emergencial. Precisamos de um grande esforço de toda a sociedade e das autoridades para que, através de uma política de planejamento, isso não seja mais preciso. O governo tem essa questão como prioridade para ser resolvida”, pontuou.

IMG_0270
Campanhas educativas para que as pessoas deixem de jogar lixo e entulho nos rios dominou grande parte das discussões.

Otaciano Neto destacou como providências já tomadas o processo de conclusão de 62 barragens médias e grandes em todo o Estado e reforço no plano Reflorestar. “Vamos reflorestar 20 mil hectares nos próximos anos”. O secretário anunciou também que, na sexta-feira (23), o governador Paulo Hartung vai assinar ordem de serviço para obras de captação de água entre os municípios de Serra e Fundão que vai reforçar o abastecimento em Serra e Vitória.

Os deputados Marcelo Santos, Doutor Hércules, Luzia Toledo, além de Padre Honório e Gildevan Fernandes fizeram intervenções nas quais defenderam medidas voltadas para a preservação dos mananciais de água em todo o Estado. Eles reforçaram a necessidade de campanhas educativas para diminuir a quantidade de lixo e entulho nos rios e córregos.

O presidente da Comissão de Infraestrutura, deputado Edson Magalhães (DEM), avaliou como positiva a audiência pública. “Fui uma discussão importante. Tivemos a presença de várias autoridades que mostraram o caminho que devemos seguir no enfrentamento da crise hídrica. Vamos continuar na busca de soluções a curto, médio e longo prazo”.