Lançado em 2013 pela Samarco como um projeto que evitaria a dispersão do pó preto de minério nas comunidades de Anchieta, as “Wind Fences” (barreiras de vento) da mineradora estão precisando urgentemente de reparos.

Nossa equipe detectou, ao longo da imensa barreira que cerca todo pátio de estocagem de minério de ferro, enormes buracos e rasgos que comprometem o objetivo da cerca. A Samarco instalou três quilômetros de telas, com altura entre 22 e 28 metros. Essas telas têm a função de diminuir a velocidade dos ventos incidentes sobre o pátio de estocagem, reduzindo a emissão de partículas de ferro.

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A Samarco instalou três quilômetros de telas, com altura entre 22 e 28 metros. Foto: Wilcler Lopes/portal27

Resistência. Segundo a Samarco, os equipamentos foram dimensionados para suportar ventos de até 120km/h, sendo que a média na região é de 25km/h. Em caso de situações extremas, com rajadas superiores a essa velocidade, o sistema de segurança é acionado, abrindo as telas para a passagem do vento e impedindo que a estrutura seja danificada.

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Comunidades de Ubu, Recanto do Sol, Parati, Goembé e Mãe Bá, ficam mais expostas ao pó preto do minério. Foto: Wilcler Lopes/portal27

Mas, o que a nossa equipe detectou é esse sistema de segurança aparentemente não funcionou, pois existem  rasgos enormes nas telas, que acabam por expor principalmente as comunidades de Ubu, Recanto do Sol, Parati, Goembé e Mãe Bá, ao pó preto do minério.

A Samarco investiu R$ 92,4 milhões na construção da Wind Fence e as obras duraram um ano e nove meses. Com a instalação da barreira de vento, a Samarco esperava reduzir em até 54% a dispersão de particulados provenientes do pátio de estocagem.

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Com a instalação da barreira de vento, a Samarco esperava reduzir em até 54% a dispersão de partículas.Foto: Wilcler Lopes/portal27

Entramos em contato com a empresa, para saber se ela tinha ciência dos buracos nas barreias e se iam fazer a manutenção. A resposta veio através da seguinte nota:

A Samarco informa que possui uma equipe técnica dedicada às ações de manutenção e correção das telas do sistema Wind Fence, instalado na unidade de Ubu, e que já iniciou a manutenção das telas identificadas por inspeção interna rotineira. A empresa esclarece que o material pode sofrer desgastes e rompimentos naturais pelo uso contínuo do equipamento. A Samarco reforça que essa situação é pontual e que não prejudica a eficiência das Wind Fences, pois a área descoberta devido aos rompimentos das telas é considerada não representativa diante da área total de cobertura de todo o sistema.

Iema. O portal 27 entrou em contato também com o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) que nos respondeu que vai fazer uma vistoria no local.  Confira a nota envida pelo órgão.

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Iema informa que vai fazer uma vistoria no local.Foto: Wilcler Lopes/portal27

O Iema informa que será realizada uma vistoria pela equipe que acompanha os controles ambientais que medirão a gravidade dos danos apresentados na Wind Fence. Caso os danos sejam constatados, a empresa será intimada a executar as manutenções.  A aplicação de multa dependerá de avaliação posterior à vistoria, que dimensionará as infrações e seus possíveis danos associados.

Prefeitura. A prefeitura de Anchieta também foi procurada, e nos respondeu o seguinte:

A Prefeitura de Anchieta informa que não tinha ciência dos danos na wind fence da Samarco. Informa ainda que quem fiscaliza e define os mecanismos de controle ambiental de uma empresa é o órgão que concedeu a licença. No caso da Samarco, por ser um empreendimento de impacto regional (e não local), o órgão ambiental competente pelo licenciamento e posterior fiscalização é o IEMA. 

Como forma de fiscalização suplementar, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal Meio Ambiente, fará uma denúncia formal ao órgão competente (IEMA). O mesmo deverá tomar as devidas medidas.